Walace Ferreira e Ester Torres da Silva

O CONTEÚDO “GÊNERO” EM LIVROS DIDÁTICOS DE SOCIOLOGIA

  

O tema gênero e sua importância nas escolas

 

Este artigo analisa a presença do tema “gênero” em dois livros didáticos de Sociologia destinados ao Ensino Médio, ambos aprovados pelo Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD) de 2018. Trata-se dos livros “Sociologia em movimento” e “Sociologia para jovens do século XXI”, os únicos a abordar a temática dentre os cinco manuais aprovados neste PNLD, voltados para o uso em escolas públicas brasileiras entre os anos 2018 e 2020. Esta participação foi a última vez em que os livros desta disciplina foram analisados pelo Programa de forma disciplinar, já que diante da Reforma do Ensino Médio (Lei nº 13.415/2017) eles serão interdisciplinares.

 

A educação é essencial para a justiça social, servindo de base para o estabelecimento de consensos num ambiente social marcado por diferenças e segregações. Uma oferta de educação sem discriminação requer utilização de livros didáticos que não incluam discursos que fomentem a desigualdade de gênero, pois fazê-lo contribui para a continuidade ou mesmo o aparecimento de outras desigualdades sociais (OLIVEIRA, 2011). 

 

Discutir gênero, nesse sentido, é reconhecer diferenças sexuais e relações de dominação e subordinação (SCOTT, 1995). Ligado à questão de poder, gênero se constitui num produto do âmbito da cultura e da história uma vez que foi entendido de maneiras diversas conforme as culturas em que se desenvolveu ou desenvolve (LOURO, 2007). A compreensão ampla do conceito implica pensar nos sujeitos homem e mulher num processo continuado e dinâmico, construído através das práticas sociais masculinizantes e feminizantes em conjunto com as concepções de cada sociedade. Pensar em gênero é atravessar conceitos binários e alargar a análise aos desenvolvimentos que a sociedade atravessa e as suas transformações. 

 

Descrição dos livros didáticos analisados

 

O livro “Sociologia em movimento” tem a participação de diversos autores provenientes de diferentes instituições de ensino do Estado do Rio de Janeiro, tendo a predominância de docentes do tradicional Colégio Pedro II. Na edição de 2016, a segunda da obra, são dezessete autores. Conforme se pode observar no quadro 1, esses autores abrangem majoritariamente escolas públicas, embora também tenham professores que lecionam em outras instituições de ensino tanto da educação básica quanto do ensino superior, inclusive no segmento privado.

 

As suas diversas áreas de especialização são uma mais-valia deste livro didático, havendo entre outras áreas, especialistas em Ciência Política, Ciências Sociais, Antropologia, Filosofia, Artes Visuais e, claro, Sociologia. 

 

Quadro 1: Relação de autores e instituições em que lecionam

Autor

Instituição de ensino

Afrânio Silva

Colégio Pedro II e CAp-UERJ

Bruno Loureiro 

Escolas públicas e privadas do RJ

Cassia Miranda 

EPSJV/FIOCRUZ

Fátima Ferreira

Colégio Pedro II

Lier Pires Ferreira

Colégio Pedro II e IBMEC/RJ

Marcela M. Serrano

CEFET/RJ

Marcelo Araújo

Colégio Pedro II

Marcelo Costa

Colégio Pedro II

Martha Nogueira

Colégio Pedro II

Otair F. Oliveira

UFRRJ

Paula Menezes

Colégio Pedro II

Raphael M. C. Corrêa

Colégio Pedro II

Rodrigo Pain

CAp-UERJ

Rogério Lima

CAp-UERJ e Colégio Pedro II

Tatiana Bukowitz

Colégio Pedro II

Thiago Esteves

CEFET/RJ

Vinicius Mayo Pires

Colégio Pedro II

Fonte: SILVA et al., 2016, p. 3.

 

Por outro lado, o livro “Sociologia para jovens do século XXI” tem somente dois autores. Essa opção não indica por si que este livro didático seja melhor ou pior, no entanto, a abrangência disciplinar dos autores será certamente mais restrita do que se a obra fosse elaborada por um maior número de colaboradores e de áreas distintas como se verificou no livro anteriormente abordado.

 

De qualquer modo, mesmo neste caso, se verifica que os autores também estão/estiveram ligados a instituições públicas de ensino. O autor Luiz Fernandes de Oliveira trabalhou na educação básica da FAETEC e do CAp-UERJ, estando atualmente na UFRRJ. O segundo autor, Ricardo Cesar Rocha da Costa, esteve na educação básica da FAETEC e atualmente encontra-se no IFRJ, campus de Arraial do Cabo/RJ, além de ter larga experiência no ensino superior.

 

Análise dos capítulos que abordam o tema “gênero”

 

O livro “Sociologia em movimento” dedica o Capítulo 14 à questão de gênero, num total de 28 páginas. Os autores o intitularam de “Gêneros, sexualidade e identidades”. A abrangência desse título demonstra não só a dificuldade de estabelecimento de um único conceito de gênero, como demonstrado por SCOTT (1995), mas também a interligação entre os três conceitos que se influenciam e devem ser entendidos como um todo. Não se compreende a questão de gênero sem se entender a polaridade de sexualidades e identidades que o acionam (LOURO, 2003, 2007, 2008; CÉSAR, 2009). 

 

Já no caso do livro “Sociologia para jovens do século XXI”, a questão de gênero surge em dois capítulos distintos. O primeiro é o capítulo 22, intitulado “Lugar de mulher é onde ela quiser?”, ocupando 20 páginas. O segundo é o capítulo 23, que se chama “Cada um sabe a dor e a delícia de ser quem é”, estendendo-se por 15 páginas. 

 

A extensão dos capítulos em ambos os livros didáticos não é muito diferente, tendo o primeiro manual 28 páginas e o segundo livro 35, embora este, como se disse, dividido em dois capítulos distintos. Ao contrário do livro “Sociologia em movimento”, os títulos dos capítulos do livro “Sociologia para jovens do século XXI” são diferentes, não focando tanto nos conceitos a serem abordados, mas antes, colocando questões provocatórias, principalmente, no capítulo 23. Talvez o objetivo fosse deixar ao estudante um título que estimulasse o debate, capaz de captar a atenção dos “jovens do século XXI”.

 

Ambos os manuais utilizam diversos autores para exporem as questões desenvolvidas. No caso, alguns desses autores são utilizados nos dois livros quando são abordadas questões semelhantes. O quadro 2 apresenta quais são esses autores.

 

Quadro 2: Autores utilizados/citados

Livro 

Sociologia em Movimento 

Livro 

Sociologia para jovens do século XXI

(Capítulo 22)

Livro 

Sociologia para jovens do século XXI 

(Capítulo 23)

Simone de Beauvoir

Simone de Beauvoir

Gustavo Venturi

Margaret Mead

Pierre Bourdieu

Luiz Roberto de Barros Mott

Pierre Bourdieu

Judith Butler     

James Naylor Green

Bell Hooks

Deborah Blum

Luiz Mello

Michel Foucault

Joan Scott

Rodrigo Salgado 

Neuma Aguiar

Céli Pinto

João Silvério Trevisan

Judith Butler

Djamila Ribeiro

Flávia Biroli

Helena Hirata

Bruno Bimbi

Sigmund Freud

Denilson Pimenta Jr.

Raewyn Connell

Gilberto Freyre

Lélia Gonzalez

Friedrich Engels

Angela Davis

Fonte: SILVA et al., 2016, p. 328-355; OLIVEIRA; DE COSTA, 2016, 338-374, 392-400.          

 

Pode-se dizer que, em ambos os livros didáticos, são referidos autores que são os mais reconhecidos dentro dos temas tratados. Por exemplo, Simone de Beauvoir que “(…) sacudiu a poeira dos meios intelectuais com a frase ‘nasce mulher: torna-se mulher’” (LOURO, 2008, p. 17) é uma das referências para a discussão elaborada pelos dois manuais.

 

Também se verifica o recurso às obras de Pierre Bourdieu. Para Scott (1995, p. 89), referindo-se à questão da legitimação de gênero, aponta que Bourdieu “(…) mostrou como, em certas culturas, a exploração agrícola era organizada segundo conceitos de tempo e de estação que se baseavam em definições específicas da oposição entre masculino e feminino”. Bourdieu desenvolveu estudos sobre o que chamou de divisão do mundo baseada em diferenças biológicas, especialmente na divisão do trabalho, na procriação e na reprodução. Para ele, “estabelecidos como um conjunto objetivo de referências, os conceitos de gênero estruturam a percepção e a organização concreta e simbólica de toda a vida social” (SCOTT, 1995, p. 88).

 

Também Judith Buttler se apresenta como uma das pioneiras no debate da questão de gênero. A autora usou o conceito de heterossexualidade compulsória ou heteronormatividade para analisar “(…) as relações de poder entre homens e mulheres e entre homossexualidade e heterossexualidade, demonstrando a construção do dispositivo da sexualidade como marcado pela norma heterossexual” (CÉSAR, 2009, p. 47-48). 

 

Vários outros estudos de diversos autores são base do desenvolvimento dos livros didáticos em análise. Apesar de não serem utilizados em ambos os manuais escolares, verificamos dois autores que também são pioneiros nesse debate. No livro “Sociologia em movimento” recorre-se a Foucault, para quem a sexualidade é produzida em contextos históricos. No entender de Scott, Foucault demonstrou a necessidade de se substituir a noção de que o poder social é unificado, coerente e centralizado, devendo-se antes adotar o conceito de poder “(…) entendido como constelações dispersas de relações desiguais, discursivamente constituídas em ‘campos de força’ sociais” (SCOTT, 1995, p. 86). 

 

Por sua vez, o livro didático “Sociologia para jovens do século XXI” utiliza as análises de Joan Scott. O seu texto intitulado “Gênero: uma categoria útil de análise histórica” é um referencial no que se refere à construção dessa categoria. Como refere Louro (1995, p. 103), esse estudo de Scott terá representado “(…) uma verdadeira         ‘introdução’ ao conceito e às suas implicações para os estudos históricos. A partir de suas colocações, passávamos a nos dar conta de reflexões que ajudavam a conceitualizar gênero e começávamos a ensaiar algumas de suas possíveis aplicações”. Assim se verifica que importantes autores foram utilizados/citados nos dois livros didáticos, abrangendo o conceito de gênero e seu desenvolvimento histórico e social. Esse desenvolvimento pode ser verificado através dos conceitos centrais que ambos os manuais apresentam e os principais temas abordados.

 

Conceitos centrais e os principais temas abordados

 

Em ambos os livros didáticos podemos confirmar uma preocupação em definir corretamente os conceitos utilizados e os situar na sua conjuntura histórica. Ou seja, os temas não surgem de forma isolada, mas antes se encontram desenvolvidos cronologicamente, obedecendo às épocas em que cada tema e cada conceito surgiram. Aliás, a obra “Sociologia em Movimento” apresenta uma linha cronológica histórica sobre os principais movimentos sociais relacionados à questão de gênero. Por outro lado, o livro “Sociologia para jovens do século XXI”, apesar de não esquematizar a linha cronológica, aborda igualmente todas as fases relativas ao aparecimento dos movimentos sociais que se debateram pela igualdade de gênero.

 

No quadro 3 podemos verificar a diversidade de conceitos abordados nos dois livros em análise. Convém salientar que no quadro se apresentam as divisões dentro dos capítulos, por isso, em muitas dessas divisões, surgem conceitos diversos:

 

Quadro 3: Divisões dos capítulos e conceitos centrais

Livro 

Sociologia em movimento 

Livro 

Sociologia para jovens do século XXI

Gênero/ identidade de gênero

Gênero, sexo e poder

Patriarcado

Gêneros e transgêneros

Interseccionalidade

Transfeminismo

Dominação masculina

Violência de gênero e legislação brasileira

Sexualidade/ Transexualidade

A importância de pesquisar sobre o tema

Feminismo(s) e LGBT

Dominação masculina

Divisão sexual do trabalho

Feminismo negro

Violência Simbólica

Orientação sexual

Heteronormatividade

Transfobia e homofobia

Binarismos/ Queer

Identidade de gênero e

orientação sexual através dos

tempos e das culturas

Violência simbólica

Movimento social

Fonte: SILVA et al., 2016, p. 328-355; OLIVEIRA; DE COSTA, 2016, 338-374.

                       

Os conceitos referidos no quadro 3 são o suporte para a discussão dos principais temas abordados. Isto posto, o livro didático “Sociologia em Movimento” aborda os seguintes temas:

 

a) A contribuição da Psicanálise para os estudos sobre sexualidade e identidade humana; 

b) A relação entre sexo e gênero, tendo por base um debate sobre a relação natureza e cultura;

c) As instituições sociais e seu papel na formação de padrões de gênero;

d) O patriarcado e o androcentrismo; o patriarcado no Brasil;

e) A divisão sexual do trabalho;

f) A interseccionalidade: o cruzamento das desigualdades de raça, classe e gênero;

g) A teoria Queer e a performatividade;

h) As conexões sobre sexualidade e poder, com base em Michel Foucault;

i) O debate feminista em torno dos conceitos de gênero, sexo e sexualidade, e sua evolução nos séculos XX e XXI;

j) A violência contra a mulher e contra os não heterossexuais;

k) A organização dos movimentos sociais em defesa do direito de mulheres e da população LGBT.

 

Já o livro didático “Sociologia para jovens do século XXI”, ao longo dos dois capítulos, aborda os seguintes temas:

 

a) A relação entre sexo e gênero, tendo por base um debate sobre a relação natureza e cultura;

b) Relações de poder, de dominação masculina, assimetria construída ao longo da história;

c) Identidade de gênero; 

d) Definição de gênero;

e) O papel das mulheres nas sociedades modernas;

f) Igualdade de condições;

g) Feminismo;

h) Feminismo Negro;

i) A questão do aborto.

 

Os temas abordados neste primeiro momento, nomeadamente no capítulo 22 “Lugar de mulher é onde ela quiser?” é mais teórico, servindo de introdução teórica para tal discussão. O capítulo 23 “Cada um sabe a dor e a delícia de ser quem é”, como já diz o tema do capítulo, consiste num debate sobre diversidade sexual e de gênero, abordando, portanto: 

 

a) Pessoas trans;

b) Heteronormatividade;

c) Homofobia;

d) Transfobia;

e) Recorte histórico; 

f) Movimentos sociais.

 

Ao se listar todos os temas discutidos, nota-se a abrangência temática destes manuais e também se observa que ambos focam em diversos assuntos em comum.     

 

Recursos didáticos, linguagem, interdisciplinaridade e exercícios

 

Os dois manuais apresentam bastantes recursos didáticos nos capítulos referentes ao tema em estudo. No caso do manual elaborado por Silva et al. (2016), como já havíamos dito, é apresentado na “Introdução” a evolução do debate sobre gênero e sexualidade, inclusive utilizando-se como recurso uma “linha do tempo”, com recorte entre os anos de 1942 e 2015. Diversas fotos que retratam diferentes culturas e, também, manifestações em que se destacam os recortes de gênero, a luta e sua construção são apresentadas nesse manual, oferecendo ao aluno uma representação do assunto debatido.

 

Também são apresentadas tabelas para ilustrar a disparidade em relação à divisão sexual do trabalho. Quadros complementares, com resumo sobre pensadores e acontecimentos históricos relacionados ao tema aparece ao longo de todo o capítulo, para contextualizar melhor o aprendizado dos estudantes. São ainda apresentadas várias imagens de cartazes e propagandas, sugestão de filmes, recursos como mapeamento dos estados mais perigosos do Brasil para homossexuais ou reportagens relevantes sobre os temas abordados. 

 

Quanto à linguagem utilizada pelos autores, verifica-se que mesmo utilizando-se de teóricos tradicionais, trata-se de uma linguagem de fácil compreensão, lançando mão de diversas ferramentas para melhor ilustrar o que se pretende informar. Este livro didático e o capítulo em análise apresentam interdisciplinaridade, haja vista dialogar com outras áreas de conhecimentos das ciências humanas, mas neste capítulo, principalmente com a História. Talvez resulte essa interdisciplinaridade acentuada do fato de haver uma diversidade acadêmica dos seus autores.

 

Quanto aos exercícios, os primeiros apresentados têm como intuito uma breve revisão do conteúdo e também suscitar o debate entre os alunos. Os demais são questões retiradas do Enem ou da Unesp, com o claro objetivo de preparar o aluno para o ingresso à universidade. E, por último, uma questão sugerindo pesquisa e, assim, já os incentivando a procurar mais informações sobre os assuntos debatidos.

 

Por sua vez, o livro didático “Sociologia para jovens do século XXI” apresenta como recursos didáticos bastantes fotos de manifestações organizadas por movimentos sociais feministas ou LGBT’s. Para além das fotos, também há quadros complementares, com citações de pensadores, resumos de conceitos ou questionamentos para o estudante refletir. Imagens de cartazes e reportagens, sugestão de filmes, livros, links para pesquisas na internet, músicas e jogos auxiliam no sentido de oferecer ao estudante ferramentas para as suas próprias pesquisas e proporcionar que façam contato com o tema de forma menos formal e fora do ambiente escolar, uma vez que podem acessar esses recursos, por exemplo, a partir de casa.

 

Este livro, tal como se verificou no manual anteriormente analisado, também expõe o mapeamento de problemas sociais relacionados à intolerância. No caso, tem o mapeamento dos homicídios de pessoas trans, realizado pela Transgender Europe (datado de 2014) e o mapa de direitos de lésbicas e gays no mundo (do ano de 2013). Ao final de cada capítulo, os autores sugerem uma interação e fazem um breve resumo do tema abordado de forma participativa.

 

A linguagem utilizada neste livro didático é realizada através de palavras de fácil entendimento e, com os recursos didáticos, se torna ainda mais compreensível. Além disso, também há a possibilidade de despertar o interesse do aluno através desses recursos. Este manual também apresenta interdisciplinaridade, dialogando com as disciplinas de ciências humanas, mas também conversando bastante com a Biologia. Inclusive, ao final de cada capítulo, faz um destaque para a questão da interdisciplinaridade, demonstrando a importância que os autores atribuem a esta interlocução.

 

Os exercícios propostos, assim como no primeiro livro analisado, são questões com o claro objetivo de preparar o aluno para o ingresso na universidade. Mas, ao contrário dos exercícios do livro anterior, nos dois capítulos deste manual, são todas questões do Enem.

 

Considerações finais

 

A importância do tema “gênero” no ambiente escolar refere-se ao esforço por uma maior consciência das diferenças, defesa da pluralidade e da diversidade, de modo a fortalecer a luta contra o discurso de ódio e os preconceitos que geram tamanhas injustiças sociais e que seguem presentes na sociedade brasileira. 

 

O conteúdo ressaltado nestes dois livros didáticos, além de esclarecer, empoderar e encorajar grupos e indivíduos a lidar com os assuntos pertinentes a gênero, impulsionará a construção e a organização, gradativa, de uma sociedade que defenda os direitos humanos e a plena democracia. A escola é a possibilidade de que debates urgentes dialoguem com toda a sociedade civil, haja vista seu papel formador de indivíduos que levarão os aprendizados colhidos em seu espaço para a sociedade mais ampla.

 

Referências biográficas

 

Dr. Walace Ferreira, professor adjunto de Sociologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ);

 

Bac. e Lic. Ester Torres da Silva, formada em Ciências Sociais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

 

Referências bibliográficas

 

CÉSAR, Maria Rita de Assis. “Gênero, sexualidade e educação: notas para uma “Epistemologia””. In: Educar, n. 35, Curitiba, 2009, p. 37-51.

 

LOURO, Guacira Lopes. “Gênero, História e Educação: construção e desconstrução”. In: Educação & Realidade, vol. 20, n. 2, Jul-Dez, 1995, p. 101-132.

 

LOURO, Guacira Lopes. “Gênero, sexualidade e educação: das afinidades políticas às tensões teórico-metodológicas”. In: Educação em Revista, n. 4, Dez. 2007, p. 201-218.

 

LOURO, Guacira Lopes. Gênero, sexualidade e educação. Uma perspectiva pós-estruturalista. 6. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.

 

LOURO, Guacira Lopes. “Gênero e sexualidade: pedagogias contemporâneas”. In: Pro-Posições, vol. 19, n. 2, Mai-Ago, 2008. p. 17-23.

 

OLIVEIRA, Ricardo Cesar R., DE COSTA, Luiz Fernandes. Sociologia para jovens do século XXI. 4. ed. Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2016.

 

OLIVEIRA, Wilson Sousa. “A imagem da mulher nos livros didáticos e relações de gênero”. In: Revista Fórum Identidades, vol. 9, n. 5, Jan-Jun, 2011, p.140-149.

 

SCOTT, Joan. “Gênero: uma categoria útil de análise histórica”. In: Educação & Realidade, vol. 20, n. 2, Jul-Dez, 1995. p. 71-99.

 

SILVA, Afrânio et al. Sociologia em Movimento. 2. ed. São Paulo: Moderna, 2016.

29 comentários:

  1. Primeiramente parabéns pela escolha do tema Walace Ferreira e Ester Torres, eu achei super interessante e importante apesar de ainda ser considerado polêmico.
    Discutir sobre gênero nas escolas é importante para a educação, para que assim as próximas gerações aprendam a respeitar todas as pessoas independente de seu gênero e sexualidade. Então por que só existem apenas dois livros desta disciplina aprovados pela PNLD que abordam esse tema, ou será que só por que se tornaram interdisciplinares não tem a necessidade de mais livros dessa disciplina abordarem o tema?

    Alison Rodrigues Corrêa
    3° período curso Licenciatura Plena em História.
    Universidade Nilton Lins.

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    1. Prezado Alison, obrigado pela questão.

      Nosso trabalho faz análise do PNLD de 2018, quando os livros didáticos do Programa ainda eram disciplinares. Só a partir do PNLD deste ano que os livros de Ciências Humanas passaram a ser interdisciplinares.
      Sobre a presença de gênero em apenas dois dos cinco manuais de Sociologia aprovados é importante dizer que o tema também aparece noutros livros, porém de forma superficial e como desdobramento de outros temas, como movimentos sociais e desigualdades sociais. Efetivamente, os dois livros mencionados deram protagonismo ao assunto, com um ou dois capítulos sobre gênero. Não somos capazes de responder a exata razão pela qual os outros livros não deram mesmo destaque ao tema gênero que os manuais "Sociologia em Movimento" e "Sociologia para Jovens do Século XXI". Mas é interessante observar que os livros que fizeram menção são de autores do Rio de Janeiro e com atuação direta na educação básica, fatores que influenciaram nessa escolha.

      Walace Ferreira e Ester Torres da Silva.

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  2. Parabéns pela escolha do tema e pela forma em foi abordado em seu texto, já que o tema "gênero" ainda é um grande tabu na sociedade e principalmente nas escolas mas isso não deixa de ser uma pauta importante. Gostei muito.


    Anna Júllia Santana Marques Ferreira

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    1. Sendo assim, você acha que incluindo essa pauta de discussão nas escolas, as crianças e adolescentes sairão com o entendimento sobre isso ou o tabu já imposto na sociedade vai dificultar esse conhecimento/entendimento?

      Anna Jullia Santana Marques Ferreira

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    2. Prezada Anna Julia S. M. Ferreira,

      Obrigado pela questão.

      Acreditamos na escola como espaço de construção do diálogo e da formação consciente para que os indivíduos pautem suas vidas em sociedade segundo a tolerância, o respeito ao próximo e o combate a todas as formas de preconceito.

      Cordialmente,

      Walace Ferreira e Ester Torres da Silva.

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  3. Arielen dos Santos Alves

    Achei ótimo esse tema escolhido,pois é um assunto que precisa ser cada vez mais debatido. Você sabe me dizer, se entre esse período de 2018 e 2020 muitas escolas receberam esses dois livros didáticos ?

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    1. Oi Arielen! Obrigado pela participação.

      Sim, o livro Sociologia em Movimento foi o mais usado pelas escolas públicas brasileiras na disciplina Sociologia. Já livro Sociologia para Jovens do Século XXI esteve mais atrás no ranking dos cinco livros mais usados, porém também foi distribuído para centenas de unidades escolares. Vale lembrar que os livros de Sociologia participantes do PNLD são voltados para o Ensino Médio, quando a disciplina é obrigatória nos três anos. Escolas que tem Sociologia noutras séries do ensino fundamental usam outros livros.

      Cordialmente,

      Walace Ferreira e Ester Torres da Silva.

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  4. Ótimo tema, sabendo que o livro didático se configura como peça fundamental no processo de aprendizagem, trabalhar gênero e sexualidade requer um certo cuidado, apesar de simples se torna um tabu, onde o preconceito e tolerância seja de uma minoria. Qual seria a melhor forma de abordar diferentes temáticas do (PNLD) esclarecendo das diretrizes sem que sejamos evasivos?

    Tatiana da Silva Benigno
    7° período do curso de Licenciatura Plena em História
    Universidade Nilton Lins-Manaus/AM

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    1. Prezada Tatiana Benigno,

      Obrigada pela questão.

      Concordamos que o livro didático é uma peça fundamental no processo de aprendizagem, daí a importância de incluir em sala a temática gênero, a partir deste recurso. Realmente, requer cuidado na abordagem, ainda mais no atual contexto político-social. Sugerimos a utilização dos livros didáticos, citados no artigo, como um guia para auxiliar o professor. Também será muito relevante considerar a relação entre professor e aluno, para que o docente tenha a percepção dos temas que depreende pertinentes de acordo com cada turma.

      Cordialmente,
      Ester Torres da Silva e Walace Ferreira

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  5. Gostaria de parabenizá-los pela escolha do tema e a forma dinâmica que foi trabalhado. Acredito que esse tema é de extrema importância e deve ser debatido não só em âmbitos educacionais, para que assim exista uma formação consciente de todos os indivíduos com vistas à uma sociedade que pratique com mais efetividade a tolerância e o respeito. Vocês possuem mais materiais de autoria própria sobre o tema? Ficarei feliz em poder ler mais sobre o assunto através da abordagem de vocês!

    Antonio Donizete Rodrigues de Deus Junior

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    1. Prezado Antonio Donizete!

      Muito obrigado pelos comentários, os quais concordamos. Não temos mais materiais, já que foi a primeira produção acadêmica baseada na monografia da Ester sobre o assunto.

      Cordialmente,

      Walace Ferreira e Ester Torres da Silva.

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  6. Kamylla de Sousa Torres27 de maio de 2021 às 17:36

    Parabéns pela dinâmica no artigo, o tema escolhido foi excepcional. Apesar da grande barreira que existe entre o conhecimento social e o conservadorismo, futuramente há possibilidade deste tipo de debate ser amplamente discutido nos ambientes escolares. Qual seria a melhor maneira para difundir a questão de gênero juntamente com a sexualidade para que ambas não sejam mescladas num universo só, visto que é comum a sociedade julgar gênero e sexualidade como a mesma coisa? Não seria interessante os jovens terem a percepção de gênero nas séries fundamentais? Sem incluir ainda o debate sobre sexualidade.

    Kamylla de Sousa Torres
    3° período do curso de Licenciatura em História
    Universidade Estadual de Goiás (UEG)-Formosa/GO

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    1. Prezada Kamylla!

      Obrigado pelos comentários. A crença é que, na medida em que este tema for mais discutido nos currículos escolares, os ajustes sobre o que deve ser ensinado em cada etapa de ensino ficará mais claro.

      Cordialmente,

      Walace Ferreira e Ester Torres da Silva.

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  7. Este tema foi incrível, eu gostaria de parabenizá-los pelo trabalho que foi feito com esta temática. Durante a leitura, consegui compreender novos aspectos, e me questionar sobre a questão do ensino. Considerando o trabalho com as questões de gênero, trabalhar com essas temáticas ainda é um processo longo, considerando o preconceito existente.
    Desse modo, eu gostaria de saber, se o uso destes materiais, bem como a aplicação dos exercícios e ferramentas complementares trazem consigo a possibilidade de um diálogo mais aberto em sala de aula? Podendo assim, ultrapassar as barreiras, e iniciar a discussão de um assunto que é considerado "proibido".
    Desde já, muito obrigada, e parabéns pelo texto.

    Ana Carolina Alves Tibúrcio

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    1. Prezada Ana Carolina Tibúrcio,

      Obrigada pela questão e pelo interesse no artigo apresentado.
      Acreditamos que a introdução da questão de gênero nos livros didáticos permite que o tema seja abordado em sala, possibilitando alertar para os preconceitos que estão enraizados em nossa sociedade. A aplicação das ferramentas e exercícios complementares, podem contribuir para uma abertura do diálogo entre o docente e os alunos, promovendo também o debate entre os mesmos alunos e suas redes familiares e de amizade, tanto no âmbito da sala de aula, quanto em ambientes para além desse espaço. Todas as épocas da nossa história tiveram temas que eram considerados tabu e somente através do diálogo e da educação foi possível mudar tal cenário. O debate desta questão na fase escolar é certamente fundamental para a formação desses alunos enquanto indivíduos.

      Cordialmente,
      Ester Torres da Silva e Walace Ferreira

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  8. Quero parabenizar vocês dois por esse excelente tema, pode ver que durante o percurso desse tema na sociedade das suas várias idas e vindas, essa temática dentro do ambiente escolar sempre foi visto como um tabu. É de grande importância que tenhamos um olhar crítico e uma mente tolerante quando nos deparamos com conteúdos que abordem as questões de gêneros e diversidade sexual, já que os conteúdos tendem a mostrar as práticas diárias que estão enraizadas dentro da nossa população, práticas que de maneira direta ou indireta reforçam diversas formas de preconceito e estereótipos. O enquadramento do ensino de gênero e diversidade sexual dentro dos livros didáticos é uma forma de unificar a vivência e respeito nos centros de ensino e até sociedade, dentro do ambiente escolar não se deve ser estimulado o preconceito, não importa o gênero ou orientação sexual do estudante todas as instituições devem proporcionar o respeito pelas diferenças. Em alguns casos esse ambiente se demonstra ser hostil, estudantes que não se encaixam dentro de alguns padrões que são impostos se tornam receptivos há preconceitos. Vocês acham que além do estímulo ao respeito através do conteúdo sendo abordado dentro dos livros didáticos é preciso que existam políticas que orientem e garantem a circulação do conteúdo para um conhecimento em maior escala?

    Desde já, agradeço a atenção.
    Ruan Carlos de Sousa Rodrigues

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    1. Prezado Ruan!

      Muito obrigado pelo interesse e pelos comentários, com os quais temos concordância. Sim, devem existir políticas públicas nesse sentido, contudo essa questão esbarra na maneira como a sociedade brasileira, ainda muito conservadora, lida com o assunto. Em decorrência deste perfil, os governos têm vetado e feito uso político de qualquer menção ao tema, apelidado pejorativamente de "ideologia de gênero". Portanto, mais políticas sobre o tema passam por questões políticas e sociais.

      Cordialmente,

      Walace Ferreira e Ester Torres da Silva.

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  9. Qual seria a melhor maneira de se abordar essa questão de gênero dentro das escolas publicas? Parabéns pelo texto.

    Ana Letícia Fernandes Lopes, 4°ano de História - UENP Jacarezinho.

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    1. Oi Ana Letícia!

      Acreditamos que a melhor maneira seja valorizando a tolerância à diversidade de orientação de gênero, mostrando como a legislação trata o tema, sinalizando dados de violência de gênero e desenvolvendo dinâmicas e atividades que busquem superar e combater esse tipo de violência. O importante é demonstrar ao estudante que a escola tem o compromisso com a tolerância e aceitação de todos e que o estudante deve levar esse aprendizado para uma convivência pacífica enquanto cidadão na sociedade mais ampla.

      Att,

      Walace Ferreira e Ester Torres da Silva.

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  10. Congratulações caros autores. Uma pesquisa de suma importância e pertinência para o atual contexto vivido, em sociedade e em escola. Percebe-se ser um trabalho analítico que nos revela possibilidades ímpares. Nesse sentido, buscando refletir sobre o exposto acima, gostaria de discutir sobre as possibilidades reais de efetivação e de realização de um trabalho didático em sala de aula, à partir deste instrumental didático analisado. Como alia-lo às novas organizações curriculares estabelecidas pela BNCC?
    Jander F. Martins - FEEVALE

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    1. Prezado Jander!

      Pensamos que a forma de trabalhá-lo à luz da BNCC passa pela abordagem dos direitos humanos, da justiça social, da superação das desigualdades sociais e do enfrentamento aos preconceitos. Várias competências e habilidades de Ciências Humanas e Sociais da BNCC do ensino médio pressupõem esses temas, dentro dos quais gênero poderá ser abordado.

      Cordialmente,

      Walace Ferreira e Ester Torres da Silva.

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  11. Olá sou professor de Sociologia e o que percebo é que assuntos relacionados ao gênero feminino são raros nos livros didáticos. Como trabalhar este assunto em sala de sala numa visão de quebrar paradigmas? Raimundo Denizar dos Santos Pires

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    1. Prezado Raimundo!

      Que bom que também é docente de Sociologia. O desafio é grande devido à polêmica do assunto numa sociedade conservadora como a brasileira. Isso se reflete na baixa incidência do tema nos manuais didáticos. Pensamos que algumas estratégias de trabalhar a temática seria focando em dados de violência de gênero e mostrando como existem legislações que criminalizam tais ações. Exemplos midiáticos de preconceito de gênero também podem ser usados para dar relevância ao assunto, demonstrando que se trata de um assunto que está posto na sociedade e que precisamos abordar.

      Cordialmente,

      Walace Ferreira e Ester Torres da Silva.

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  12. Parabéns pelo significativo texto.
    Qual seria a fase do aprendizado em que deve abordar de início este assunto de gênero conscientizando?
    Ass. Sara Lustoza Leite

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    1. Prezada Sara,

      Pensamos que desde o ensino infantil. O importante é focar num ensino de respeito à diversidade. Infelizmente ao falar de gênero há que entenda que se trata de erotização, e não é disso que estamos falando. A escola deve ter o compromisso de falar em prol da tolerância para que superemos o preconceitos cotidiano e os índices vergonhosos de violência de gênero. Aos poucos, com o passar dos anos, o conteúdo pode ir ficando mais denso. O ensino médio, pois, é o momento em que o tema pode ganhar conotação mais conteudista.

      Cordialmente,

      Walace Ferreira e Ester Torres da Silva.

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  13. Jaqueline Gomes Muniz 27 Maio 2021

    Quero dizer que achei o texto muito bom e forma como se coloca esse assunto nas escolas é estritamente importante sempre descutir esse assunto.

    Na sua opinião quê maneira se pode colocar esse assunto,nas salas de aula sem provocar estranhamento por parte dos alunos e país já quê é um assunto muitas vezes que seque e admitido em casa.

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    1. Prezada Jaqueline!

      Obrigado pelos comentários. Concordamos com sua reflexão.
      Pensamos que algumas estratégias de trabalhar a temática seria focando em dados de violência de gênero e mostrando como existem legislações que criminalizam tais ações. Exemplos midiáticos de preconceito de gênero também podem ser usados para dar relevância ao assunto, demonstrando que se trata de um assunto que está posto na sociedade e que precisamos abordar.

      Att,

      Walace Ferreira e Ester Torres da Silva.

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  14. Por que discutir gênero nas escolas?
    Ass. Evelin Maria Rodrigues dos Santos

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    1. Prezada Evelin!

      A importância se dá diante de um histórico de desigualdade de gênero vivenciado pela sociedade brasileira, o que aparece tanto em dados socioeconômicos como em evidências de violência e ações de preconceito.

      Cordialmente,

      Walace Ferreira e Ester Torres da Silva.

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