Rannyelle Rocha Teixeira

O CORPO FEMININO NO BOLETIM GERAL DAS COLÓNIAS (1933-1945)

  

Esse texto busca compreender as construções discursivas coloniais acerca do corpo feminino por meio das representações textuais e imagéticas que são no que se refere ao discurso de gênero. As mulheres africanas passaram a serem moldadas e construídas em favor da condução do projeto colonialista, atuando como estratégia de poder e dominação que categoriza e altera toda uma identidade cultural, social, política sendo ela pertinente ao propósito colonial. Dessa maneira, pretende-se obter um olhar mais sensível sobre o corpo da mulher africana e como ele passa a ser direcionado dentro do Boletim Geral das Colónias na tentativa de abstração dos espaços femininos.

 

Boletim Geral das Colónias foi uma importante publicação que delineia estratégias que visavam veicular um certo olhar sobre as realidades coloniais. Além disso, pretende evidenciar a multiplicidade de aspectos de teor político, social, religioso, cultural, principalmente racial e de gênero contra os povos autóctones, assim, todo esse suporte procura abordar o papel dos atores sociais sendo eles os nativos das colônias portuguesas, sobretudo as mulheres africanas que fizeram parte da estrutura histórica da identidade e da alteridade sofrida. Serão analisados materiais textuais e visuais entre os anos de 1933-1945 que são relevantes para o entendimento da maneira como a língua esteve a serviço da empreitada colonial. Visava “informar” e “esclarecer”, mas segundo a perspectiva e interesse do regime. Iniciou-se com um título mais restritivo de «Boletim da Agência Geral das Colónias», título que manteve durante 10 anos até 1935, altura em que, num sentido mais lato, passou a designar-se «Boletim Geral das Colónias». Em agosto de 1951, no Nº 314, o Boletim muda novamente o seu nome para «Boletim Geral do Ultramar», título que se manterá até ao fim da publicação. O Boletim Geral das Colónias/Ultramar foi o mais sistemático e um dos meios de informação e comunicação de propaganda colonial entre os anos de 1925 a 1970. 

 

Pensar o lugar da mulher africana como algo impossível de transcender é comprovar a conduta colonizadora, pois atribui poder absoluto ao discurso dominante branco e masculino. Reforçando a ideia de que os grupos oprimidos só podem se identificar com o discurso a que são submetidos. Colocar a mulher angolana em um lugar que nunca rompe o silêncio seria confiná-las em uma zona sem saída, ou seja, sem qualquer possibilidade de transcendência. 

 

A abordagem de gênero possibilita a discussão das relações de poder entre homens e mulheres, a opressão do gênero e evidencia a construção da desigualdade entre eles na história das sociedades ocidentais. É a partir dessa contextualização que se pretende discutir as relações de gênero contidas na revista. Essas relações de poder são inerentes ao contato entre colono/nativo e todas as relações sociais sofrem constantes transformações ao longo da história. 

 

Nessa perspectiva, o texto busca apresentar como a utilização da propaganda política visa legitimar uma ideologia colonial em que o colonizador português proporcionava a base da civilização e da prosperidade dos povos africanos que liga-se a um comportamento adequado aos olhos dos colonizadores nos quais conduz as interpretações que passam a se imporem como corretas levando a um discurso montado e reproduzido de forma a comprovar que aquele que se assume como superior tem razão para tudo quanto faz. Por exemplo, a representação da sensualidade da mulher africana sentida na revista direciona um olhar para o corpo feminino como um objeto a ser moldado e desejado. 

 

As mulheres nativas estariam sendo condicionadas para utilizarem seus traços físicos para os diversos tipos de significados que o corpo pudesse transmitir. Frequentemente, a maior parte do seu corpo estava descoberta seja nas manifestações artísticas como nos rituais a sensualidade era sentida por meio da dança, dos movimentos, da cor, dos adornos, enfim, recorriam às várias possiblidades no intuito de uma maior exibição ou expressão corporal.

 

Segundo Valentim Alexandre (1993), era necessário impor um projeto colonial, construindo um aparelho de Estado hierarquizado, capaz de servir de suporte. O traço mais evidente da legislação ultramarina do novo regime está na inversão da tendência para a desconcentração de poderes e para uma concessão de uma autonomia aos governos coloniais.

 

Fica claro que em todas as colônias o poder centrava-se nas mãos do seu respectivo governador que em sua maioria era o homem colonizador branco. Que na qualidade de agente e representante do Governo da República era superior tanto na ordem civil quanto militar, e era também protetor dos indígenas. Além de todas as amplas funções executivas, cabia ao Governador a faculdade de legislar sobre todos os aspectos voltados para a colônia. 

 

As divisões dos governos das respectivas colônias estavam organizadas da seguinte maneira: os governos subalternos, que compreendiam os governadores de províncias em Angola e Moçambique ou por independentes de distritos, cuja base da rede administrativa estava composta pelos administradores dos concelhos por abrangerem povoações com fortes aglomerações de população civilizada e os administradores de circunscrição que eram áreas habitadas, sobretudo pelos povos ainda não familiarizados com a civilização e cultura portuguesa. Assim, podemos encontrar uma distinção fundamental da política colonial portuguesa a partir de finais do século XIX, a qual separava os civilizados dos indígenas, remetendo esses últimos a situações de tutelados, desprovidos dos direitos em relação às instituições de caráter europeu.

 

Precisa-se refletir como a representação feminina vem sendo contextualizada no Boletim a autora Lopes (1996), pretende mostrar as principais características e a instabilidade do conceito de gênero. E como esse conceito vem sofrendo alterações a partir do momento em que a história, a literatura e a sociologia entram em debate, proporcionando discussões teóricas sobre o tema e também dando visibilidade ao sujeito feminino. O conceito de gênero veio confrontar ao conceito de sexo. Assim, perceber como a mulher angolana tem seu papel social e histórico construído, ou seja, quais as características e atitudes atribuídas tanto para as mulheres quanto para os homens dentro de cada sociedade.  

 

A abordagem de gênero possibilita a discussão das relações de poder entre homens e mulheres e evidenciar a construção da desigualdade entre eles na história das sociedades ocidentais. É a partir dessa contextualização que se pretende discutir as relações de gênero que se observa nas revistas. Essas relações de poder são inerentes ao contato entre colono/nativo e todas as relações sociais sofrem constantes transformações ao longo da história. 

 

“... da mulher que caprichosamente o pretenda para seu companheiro; desde o bronze académico da mulher manjaca, o olhar de malícia a de promessa da nalú de aciganada indumentária, à estilizade Tanagra das futa-fulas de corpo côr de mel, a tressuar de vício e de pecado...tôdas estas raças e tríbus, constituem étnicamente grupos perfeitamente distintos e isentos de confusões possíveis”. [CARDOSO, 1935, p. 49]

 

A citação exemplifica as representações da sensualidade da mulher africana em que as palavras direcionam um olhar para o corpo feminino como um objeto a ser moldado. As mulheres nativas usavam seus traços físicos para enfatizarem os diversos tipos de significados que o corpo pudesse transmitir. Frequentemente, a maior parte do seu corpo estava descoberta; nas manifestações artísticas como nos rituais a sensualidade era sentida por meio da dança, dos movimentos, da cor, dos adornos, enfim, recorriam as várias possiblidades no intuito de uma maior exibição ou expressão corporal.

 

“As pretas trajam quási tôdas à europeia e não têm a elegância natural das cabindanas. Se soubessem quanto perdem em macaquear as brancas! Não conseguem parecer-se com elas, por mais que façam. Só sendo pura e simplesmente pretas com seus trajos típicos, que substituíram a tanga primitiva, elas poderão parecer bonitas, porque permanecem diferentes, inconfundíveis, porque nos obrigam a olhá-las com outros olhos que não os nossos, com olhos africanos”. [PAMPLONA, 1939, p. 286]

 

Seguindo essas elucidações, é possível observar os discursos a partir dos fragmentos retirados do Boletim Geral das Colónias direcionando mais uma vez para um olhar colonizado. O que resulta em sensações e interpretações de ideias, discursos e verdades – legitimadas por agentes sociais diversos - que passam a existir nas mentes dos observadores no caso, os colonos portugueses, os quais atuam como construtores de um discurso pretendido. A imagem dentro desse contexto concilia com os textos na tentativa de demonstrar uma ideia escolhida e orientada que consiste em uma linguagem, específica e heterogênea. Por conta disso, com o intuito de uma cautela necessária ao ato interpretativo, para o autor George Didi-Huberman (2012), uma das grandes forças da imagem é criar ao mesmo tempo sintonia e conhecimento. É enxergar através da imagem o lugar de onde sofre, o lugar de onde se expressam os sintomas. Saber olhar as imagens dos povos angolanos nas revistas portuguesas em questão seria, de certo modo, tornar-se capaz de discernir o lugar onde arde, o lugar onde sua eventual beleza reserva um espaço capaz de proporcionar uma construção desse silêncio em um trabalho de linguagem crítico, analítico de seus próprios clichês. Uma imagem bem analisada e contextualizada seria, portanto, uma imagem que soube desconectar, depois renovar nossa linguagem e, portanto, nossos pensamentos. 

 

As fotografias presentes no Boletim Geral das Colónias analisadas nesse estudo não possuem autoria declarada, mas estão sendo referenciadas pelos autores dos textos nos quais estão inseridas reforçando assim um discurso que revela adesão ao projeto colonialista em favorecer o desenvolvimento dos considerados “primitivos” recebendo a “benesse de civilizar”. Essas imagens tanto servem para propaganda da metrópole sobre as terras ultramarinas, quanto à sensibilização daqueles que lá quisessem viver para ajudar no seu desenvolvimento. 

 

No Boletim, as diversas fotografias evidenciam e expõem diversos povos, tipos de vegetação, animais e alimentos e por intermédio dessas imagens podemos conhecer alguma da diversidade humana e natural das colônias. A imagem inserida neste texto é a das raparigas hingas, que eram conhecidas por serem das mais primitivas entre as colônias portuguesas na África, razão que as tornam interessantes para um estudo etnográfico. No seu artigo, o Superior das Missões Católicas pressupõe que esse estudo ainda não foi realizado em Angola mesmo que já se tenha escrito sobre ele, mas o autor evidencia que sobre essa população só tinha sido possível obter observações superficiais.

 


Fonte: Boletim Geral das Colónias, n° 116, Fevereiro de 1935, p. 43.

 

A imagem destacada é a dos nativos da tribo Khoisan, que permitem uma análise sobre o tipo de roupas, as relações entre os próprios autóctones, sua estrutura física, seu modo de viver e por serem considerados pelos colonos como verdadeiros selvagens. Nota-se que o conceito de “raça” dominava ainda os próprios estudos científicos, situação que só mudaria após a evolução dos estudos no campo da genética.

 

As fotografias sugerem um campo patriarcal semelhante aos padrões europeus ocidental tendo a figura feminina como forte representatividade sendo possível problematizar a ideia de passividade e subserviência feminina por um lado e dos homens africanos, por outro, controlando e organizando suas tribos, fato que facilitaria a colonização o considerando-o como uma dádiva. Pois possibilitava uma melhoria nas condições de vida dessa população e a mulher africana poderia ser olhada como um adorno as tentativas de atrair mais colonos para além-mar. 

 

É importante destacar que o lugar da mulher africana que é sentido no espaço do Boletim está fortemente ligado à ideia de segundo plano social, ou seja, cabia somente aos homens os melhores cargos, os melhores trabalhos com suposta sabedoria, sensatez e coerência assim como, o estatuto privilegiado masculino, que atende aos preceitos coloniais. 

 

Dentro do Boletim o negro é visto como um ser inferior, promíscuo e profundamente atrasado, a quem os europeus tinham a missão de levar as benfeitorias da civilização. Necessariamente, os colonos que se encontravam nas colônias portuguesas da África tiveram de se relacionar com os nativos que tinham características diferentes das suas, a vários níveis. 

 

No entanto, entre o sujeito que olha e a imagem que elabora há muito mais que os olhos podem ver. A fotografia – para além da sua gênese automática, ultrapassando a ideia de analogon da realidade – é uma elaboração do vivido, o resultado de um ato de investimento de sentido, ou ainda uma leitura do real realizada mediante o recurso a uma série de regras que envolvem, inclusive, o controle de um determinado saber de ordem técnica (MAUAD, 1996, p. 3).

As imagens são representações concretas de espaços, momentos ou pessoas que passam uma mensagem que se faz através do tempo, a imagem serve tanto para representar um documento quanto um monumento, como testemunho direto ou indireto do passado.

 

O artigo “Da Guiné e do seu valor no Império” publicado em Agosto/Setembro de 1935, da autoria de António Pereira Cardoso, funcionário colonial e sócio do Instituto Histórico do Minho, traz uma considerável abordagem sobre as viagens marítimas e os contatos entre os povos e raças que habitavam as colônias portuguesas em África. Ao longo de 23 páginas, o autor percorre os principais aspectos de formação da Guiné, desde o primeiro contato até a pacificação e ocupação, as raças e a situação econômica desse território.

 

“... da mulher que caprichosamente o pretenda para seu companheiro; desde o bronze académico da mulher manjaca, o olhar de malícia a de promessa da nalú de aciganada indumentária, à estilizade Tanagra das futa-fulas de corpo côr de mel, a tressuar de vício e de pecado...tôdas estas raças e tríbus, constituem étnicamente grupos perfeitamente distintos e isentos de confusões possíveis.” [CARDOSO, 1935, p. 49]

 

A citação exemplifica bem as representações da sensualidade da mulher africana em que está explorava o seu corpo com o intuito de passar uma mensagem para atrair o homem ou mesmo para iniciação de uma nova fase da sua vida. Estas mulheres nativas usavam seus traços físicos para enfatizarem os diversos tipos de significados que o corpo pudesse transmitir. Frequentemente, a maior parte do seu corpo estava descoberta; nas manifestações artísticas como nos rituais a sensualidade era sentida por meio da dança, dos movimentos, da cor, dos adornos, enfim, recorriam as várias possiblidades no intuito de uma maior exibição ou expressão corporal.




Fonte: Boletim Geral das Colónias n° 122/123, Ago/Set de 1935, p. 49.

 

A descrição da estrutura física dos nativos feita pelo autor faz uma alusão ao corpo como fonte de linguagens de um povo, pois por meio dele se pode transmitir uma mensagem seja ela positiva ou negativa.

 

Através das produções textuais e imagéticas na revista, o Boletim Geral das Colónias, torna-se evidente reconhecer um campo patriarcal semelhante aos padrões europeus ocidental tendo a figura da mulher como forte representatividade sendo possível problematizar a ideia de passividade e subserviência feminina por um lado e dos homens angolanos, por outro, controlando e organizando suas tribos, fato que facilitaria a colonização o considerando como uma dádiva, pois possibilitava uma melhoria nas condições de vida dessa população e a mulher angolana poderia ser olhada como um adorno com a tentativa de atrair mais colonos para além-mar. 

 

É importante destacar que o lugar da mulher angolana que é sentido no espaço da revista portuguesa colonial em questão está fortemente ligado à ideia de segundo plano social, ou seja, cabiam somente aos homens os melhores cargos, os melhores trabalhos com suposta sabedoria, sensatez e coerência, assim como, o estatuto privilegiado masculino, que atende aos preceitos coloniais.

 

Este texto procurou promover um diálogo interdisciplinar sobre o corpo feminino no Boletim Geral das Colónias tanto por uma exploração textual quanto imagética. O objetivo central foi de discutir como alguns dispositivos coloniais mais precisamente os verbo-visuais, trabalham em favor do projeto colonial e como podemos utilizá-los como estratégias de ensino-aprendizagem no campo histórico trazendo novas reflexões sobre o ensino de história que tem como temáticas centrais as relações de gênero e sexualidades

 

Os artigos do Boletim Geral das Colónias, reforçam os discursos pretendidos sobre África portuguesa. Os textos e as imagens retratam indivíduos e espaço imposto pelas relações de poder entre os portugueses e os nativos em vistas ao ser feminino africano que estão sendo descritas na revista, pois esse olhar poderá direcionar novas análises tanto em seu significado, quanto em sua memória, o contato entre colonizador e colonizado deve ser constantemente discutido e, acima de tudo, deve ser mais bem problematizado e a sua memória pode ser resgatada através do Boletim como em tantas outras fontes históricas.

 

A análise dos processos de discursivização do colonialismo português, enquanto tarefa interdisciplinar, demonstram mecanismos de dominação, discriminação e exploração humana, sobretudo a mulher africana que está sujeita as ações do imperialismo português, pois o corpo da mulher africana descritivo nas imagens e nos textos traz a marca do indivíduo, a fronteira, o limite distinguindo-o do Outro. Assim, tornando-a muitas vezes subalternas em sua identidade e sendo direcionada ao silêncio da submissão do colonizador homem e branco.

 

Referências biográficas

 

Rannyelle Rocha Teixeira, doutoranda em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Mestra em história contemporânea pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP) – Portugal. Licenciatura Plena em História pela Universidade Federal do Piauí (UFPI). 

 

Referências bibliográficas

 

ALEXANDRE, Valentim. Os sentidos do império. Questão nacional e questão colonial na crise do antigo regime português. Porto: Afrontamento, 1993.

 

CARDOSO, António Pereira – “Da Guiné e do seu valor no Império”. Boletim Geral das Colónias. N° 122/123, Agosto/Setembro de 1935.

 

DIDI-HUBERMAN, Georges. Quando as imagens tocam o real. Pós: Belo Horizonte, v.2, n.4, p.204-219, 2012.

 

LOURO, Guacira Lopes. “Nas redes do conceito de gênero”. In: LOPES, M. J. D.; MEYER, D. E.; WALDOW, V. R, (orgs.). Gênero e saúde. Porto Alegre, RS: Artes Médicas, 1996.

 

MAUAD, Ana Maria. Através da imagem: fotografia e história – interfaces. Tempo, Rio de Janeiro, vol. 1, n °. 2, p. 73-98,1996.

 

PAMPLONA, Fernando de – “Ao sol do Império”. Boletim Geral das Colónias. Lisboa. N° 163, Janeiro de 1939.


 

8 comentários:

  1. Parabéns pelo trabalho. Fiquei curiosa em relação ao jornal Boletim Geral das Colônias. Além da questão de gênero, havia outros olhares sobre as realidades coloniais? Em relação a questão cultural ou social, por exemplo

    Vanessa Cristina da Silva Sampaio - UFAM

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    1. Boa noite, Vanessa! Muito obrigada por ter lido meu trabalho e pela pergunta. Realmente o Boletim Geral das Colônias é uma fonte muito interessante e curiosa. Nos artigos, nas imagens sobre as realidades coloniais podemos visualizar diversos olhares como, por exemplo, a medicina colonial, a religião, as relações de trabalhos entre colonos e nativos, as formas físicas, psicológicas, emocionais dos indígenas, os discursos oficiais, entre outros. Como pode ver temos muito o que explorar e o mais legal é que a revista encontra-se digitalizada no site Memória de África e do Oriente. Qualquer outra dúvida pode me contactar. Muito obrigada, querida! Abraços afetuosos
      Rannyelle Rocha Teixeira - UFRN

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  2. Excelente trabalho! Parabéns!
    Mobilizar como problemática este olhar do europeu sobre as mulheres africanas é muito interessante, visto o quão cruéis são os relatos desses homens! Chega a ser uma leitura penosa, de tão terrivelmente racistas são esses sujeitos europeus. Diante disso, gostaria de perguntar, se é possível articular o Boletim em sala de aula (Ensino Básico/EJA), e se caso for, para que nível/série você indicaria esse uso?
    Krishna Luchetti - UFRN

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  3. Bom dia, Krishna
    Muito obrigada pelo seu comentário de fato o Boletim Geral das Colônias nos ajuda a entender como as relações reforçavam o viés racista na sociedade africana. Não é só possível como necessário articular o Boletim em sala de aula vejo por duas perspectivas:
    1- Pela problematização da escrita através dos artigos, discursos;
    2- Pelas imagens;
    Assim, os alunos poderão amadurecer os olhares provenientes dessa relação social e será possível uma análise de como isso reflete nos dias de hoje.
    Eu trabalharia com os alunos do ensino médio e EJA, pois esses alunos apresentam um amadurecimento maior nas leituras.

    Abraços afetuosos
    Rannyelle Rocha Teixeira - UFRN

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  4. Texto muito curioso, parabéns. E em relação a visão de gênero no corpo da mulher africana pelos olhos da igreja ? Até quando a mulher negra foi mal visto pela igreja nesse período ? E quais metodologias podemos usar para integrar o gênero a mulher africana no período colonial em relação a religiosidade nas aulas da educação básica ?


    Ass: Rebecca Kauanne Mourão Mendes.

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    1. Boa noite, Rebecca! Tudo bem?
      Muito obrigada pelo comentário e por ter lido meu texto. Na pesquisa do mestrado eu trabalhei o Boletim em alguns aspectos entre eles como era a atuação da igreja nas colônias e como essa relação afetou a realidade desses povos. A mulher africana nos artigos analisados entre os anos de 1933-1945 mal é citada a atuação da igreja servia como doutrina e como difusão da língua portuguesa. Mas ainda sim a mulher continuava sendo silenciada dentro desse contexto. Isso continuou durante todo o período colonial. Por exemplo, em Angola a independência foi somente em 1975. Um dos caminhos metodológicos que podemos trabalhar é primeiramente identificar como os espaços estavam sendo direcionados para as mulheres africanas dentro da igreja católica podemos trabalhar com imagens, por exemplo, o Boletim possui várias e em sua maioria apenas os homens africanos. As mulheres africanas em sua maioria estão sendo expostas quase seminuas e no espaço religioso mal aparecem. Os artigos mencionam sempre erotizando. Então, acredito que esse seja o caminho mostrar aos alunos e alunas como esses espaços seja na religião, no social enfim alteraram a vida desses povos.

      Espero ter respondido sua pergunta.
      Abraços afetuosos,
      Rannyelle Rocha Teixeira - UFRN

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  5. Olá, Rannyelle Rocha.
    Parabéns pelo seu texto. Que trabalho potente e necessário!

    Que estratégias usaríamos para articular em sala de aula tais discussões com os boletins?

    Mais uma vez muito obrigada por seu trabalho!

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  6. Oi Adriana, tudo bem?
    Muito obrigada pelo elogio e pelo seu interesse em ler meu texto.
    Eu usaria tanto as imagens quanto os artigos com os alunos com a intenção de problematizar os conceitos e desconstruir a visão de que os colonizadores trouxeram de alguma forma civilização. Acho que o mais importante é instigar nos alunos e alunas a desconstrução dos olhares e sobretudo estimular o respeito com as diferenças.

    Abraços afetuosos,

    Rannyelle Rocha Teixeira- UFRN

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