Raiely Godoi Melo

CHRISTINE DE PIZAN (1363-1430) E A DESCONSTRUÇÃO DA MISOGINIA MEDIEVAL EM A CIDADE DAS DAMAS (1405): ALGUNS ASPECTOS EDUCACIONAIS

 

Introdução: Idade Média a “Idade dos Homens”

 

A Idade Média, ou “Idade das Trevas” como é comumente taxada, é um período histórico nomeado também como a “Idade dos Homens”, pensamento esse que foi construído historicamente por meio dos escritos medievais (DABAT, 2002, p. 22). A misoginia foi praticada veementemente na literatura Medieval, sendo os clérigos, àqueles ligados às práticas religiosas, e outros responsáveis pelos escritos do gênero secular, os agentes dessas obras. Os textos de caráter misógino eram produzidos em uma quantidade maior do que aqueles em defesa das mulheres (FONSECA, 2012, p. 168).

 

Por exemplo, alguns autores de época consideravam o matrimônio uma desgraça, sendo o celibato uma condição de excelência moral, intelectual e espiritual. Politicamente falando, isso servia como forma de eternizar o ideal do estado civil masculino e das mulheres piedosas e devotas à Cristo (FONSECA, 2012, p. 169). Visando atender a ideologia religiosa da Idade Média, Aristóteles e Galeno caracterizaram o corpo feminino como impuro e deformado comparado ao corpo masculino, que possuía propriedades gerativas e intelectivas. Isidoro de Sevilha fala sobre a “impureza” e “maleficência” da mulher por menstruar (Idem, p. 170). Alguns nomes vinculados ao cristianismo, como Santo Agostinho, Santo Ambrósio e os primeiros padres da Igreja, sempre alertavam sobre os perigos da proximidade feminina (FONSECA, 2012, p. 173). A grande disseminação dessas informações, fossem elas textualizadas ou faladas, fez com que se consolidasse uma tradição antifeminista, que atribuía às mulheres os mais diversos insultos: compulsiva, egoísta, dissimulada, frívola.

 

Os textos medievais expressamente misóginos refletem a ideia de que existia uma tradição anterior. Ao se investigar as raízes desse comportamento, somos levados em direção à antiga lei judaica e ao alvorecer da cultura grega.  Hesíodo e Ovídio são nomes que já se referiam à mulher de forma negativa (FONSECA, 2012, p. 170).

 

A História das mulheres

 

Joan Scott define gênero como: “um elemento constitutivo das relações sociais baseado nas diferenças percebidas entre os sexos” (DEPLAGNE, 2019, p. 31). O “gênero” é construído de acordo com concepções culturais que levam em consideração as diferentes relações sociais com base em verdades forjadas, e delineiam os papéis e espaços sociais femininos e masculinos. Ser homem ou mulher está diretamente ligado ao papel que a sociedade lhe impõe, e não essencialmente as suas qualidades inatas. Essa forma determinada de imposição adotada pela sociedade há muito tempo recaiu um grande peso sobre os ombros femininos, que ainda hoje é carregado, mas que vem sendo contrariado e ocasionou uma luta social, política e intelectual que visa retirar um peso indevido da figura feminina. 

 

A Nova História, vertente que ganhou força dando continuidade ao movimento da Escola dos Annales, alargou as temáticas para o estudo da história, que junto ao crescimento do movimento feminista contemporâneo deu lugar para as mulheres como objetos de estudo em perspectivas históricas. Muitos historiadores se debruçaram sobre as questões femininas e optaram por analisar registros deixados pelas próprias mulheres (DABAT, 2002, p. 23). Tendo em vista as lutas femininas a partir de 1960, que buscaram questionar os papéis construídos historicamente e a regulamentação do que é ser mulher, observa-se que é necessário não somente a produção de uma nova história das mulheres, mas também uma história dos escritos femininos. Ao estudar os escritos de mulheres medievais nasce um novo olhar sobre ideias preconcebidas acerca delas e as relações de gênero no Medievo (DEPLAGNE, 2019, p. 31).

 

O protagonismo feminino na Idade Média

 

Se investigarmos perceberemos que em algumas situações, na Idade Média, a mulher não estava inteiramente em lugares de submissão (DEPLAGNE, 2019, p. 28). Estudos apontam que a supremacia masculina se inicia aos poucos com o início das caças de animais de grande porte, e com ela a guerra, a competição e assimetrias de poder entre homens e mulheres. No entanto, mesmo a Idade Média sendo um período marcadamente patriarcal, principalmente na Alta Idade Média as mulheres possuíram um lugar de relevância na sociedade (Idem, p. 29). Trotula de Ruggiero foi responsável por um dos mais importantes tratados de medicina durante a Idade Média. Hildegarda de Bingen é outro nome que merece destaque, foi uma das pessoas de maior prestígio em sua época pelo protagonismo social, político e cultural (DEPLAGNE, 2019, p. 40). Diversos escritos comprovam a presença feminina em quase todas as situações sociais, escritos esses que são: obras de mulheres eclesiásticas, massas de documentos laicos fiscais e notariais – contratos de casamentos, inventários, testamentos – doações de senhoras, transações de mosteiros femininos, regulamentos de corporações femininas, atas de tribunais (DABAT, 2002, p. 27).

 

Christine de Pizan (1363-1430) e a defesa das mulheres

 

Christine de Pizan, filha de Tommaso di Benvenuto Pisano, nasceu em Veneza, Itália (COSTA; COSTA, 2019, p. 249), mas, ainda criança, sua família se transferiu para o Reino da França, pois seu pai foi nomeado secretário do rei Carlos V. Christine viveu sua infância em contato com a vida palaciana e tendo acesso à grande biblioteca do monarca. Seu pai foi um grande incentivador da sua vida intelectual e por meio de sua influência colocou-a em contato com o meio erudito de sua época (COSTA; COSTA, 2019, p. 249). Ainda muito jovem, ficou viúva e pouco tempo depois perdeu também o pai. Desamparada de qualquer proteção masculina após a morte do pai e do marido, sofreu situações difíceis em uma época misógina. Vendo a necessidade de sustentar a si e a sua família, utilizou-se de sua educação e saber para tornar-se escritora e tirar de suas poesias o seu sustento. Ela tomou consciência de si como escritora e dedicava-se fielmente a isso (MACEDO, 2002, p. 93).

 

Christine de Pizan, pelo que se sabe, foi a primeira mulher a defender as mulheres em seus escritos e ir contra a tradição literária misógina. Sendo ela uma mulher medieval, e entendendo-se muito diferente do que era disseminado, Pizan contrariou a opinião masculina e justificou suas afirmações em defesa das mulheres em seu livro A cidade das damas (1405). A obra em questão trata-se de um tratado que visou orientar tanto a sociedade na qual Christine estava inserida quanto as futuras gerações sobre a figura feminina e o seu papel na história. A autora fez sua defesa construindo uma fortaleza literária, o próprio livro, onde ela ofereceu uma morada segura e longe dos ataques masculinos, para as diversas damas dotadas de virtudes e que tiveram papel fundamental na construção histórica. Analisando o contexto histórico que Christine de Pizan esteve inserida é muito interessante observar que ela teve a coragem, mesmo naquela época, de refutar as falácias ditas contra as mulheres (KULKAMP, 2020, p. 322).

 

A cidade das damas e a desconstrução da misoginia

 

O livro A cidade das damas é uma obra repleta de exemplos que comprovam a participação ativa da mulher ao longo da história, e sua autora Christine de Pizan é também um exemplo ímpar para as nossas considerações. Christine realizou experimentações com as identidades femininas ao trazer diferentes histórias de vida e quando se auto representou. Ela primou pela importância do jogo simbólico, e esse recurso possui caráter moralizante, pois ao citar as mulheres como sujeitos ela atrelou a elas características positivas (KULKAMP, 2020, p. 323). A autora mostrou a pluralidade de histórias de mulheres virtuosas, que não foram seres estanques na sociedade. Ela mostrou que as mulheres podiam e deviam construir espaços políticos de convivência (Idem, p. 325). 

 

A obra de Pizan e o seu intuito em defesa das mulheres nasce por meio de um grande questionamento que a perturbou durante a leitura de um livro de Mateolo, onde ele ousava caluniar as mulheres. Indignada com as acusações e sendo uma mulher tão sábia e louvável por seus feitos Christine foi agraciada pela aparição de três damas celestiais – Razão, Retidão e Justiça – que a guiaram na construção da cidade das damas. A construção da cidade aconteceu de acordo com dois movimentos metafóricos: desconstrução dos argumentos misóginos, escavando assim as bases da cidade e apresentação de mulheres com histórias de vida virtuosas, construindo dessa maneira o edifício (KULKAMP, 2020, p. 320). Neste texto iremos analisar a desconstrução da opinião masculina acerca da educação feminina feita por Christine de Pizan na obra A cidade das damas.

 

As damas orientaram Christine a utilizar dos próprios escritos misóginos a seu favor, e ela foi durante toda a obra apresentando as calúnias ditas pelos homens e utilizando exemplos que contrariavam as afirmações.

 

Christine colocou-se à disposição das damas para realizar o que foi proposto, colocando-se como uma simples e ignorante estudante, mas admitindo ser capaz de conseguir aprender tudo o que fosse necessário para a edificação da cidade. Ao se colocar à disposição como uma estudante, já notamos que ela mesma era um caso que ia de encontro ao que os homens afirmavam sobre a intelectualidade feminina, pois Pizan foi uma mulher de alto grau intelectual e dedicou sua vida a isso.

 

Vale ressaltar que a educação não se resumia ao letramento, mas estava ligada a vários âmbitos da sociedade: a educação cavalheiresca, religiosa, intelectual, entre outras, as quais Christine apresentou em sua obra e desconstruiu as visões negativas acerca da mulher como agente dessas áreas. 

 

Os homens costumavam afirmar que as mulheres não tinham entendimento suficiente para aprender as leis e consequentemente não seriam capazes de serem boas governantes: 

 

“Mas dizei-me, ainda, se preferi, por que as mulheres não discutem diante de tribunais, não instrui os processos, nem dão as sentenças? Dizem os homens que teria sido pela má conduta de uma certa mulher em um tribunal.” (PIZAN, 2012, p. 90). 

 

A dama Razão trouxe argumentos e exemplos plausíveis de que eles estavam apenas caluniando as mulheres, pois muitas foram aquelas que além de aprenderem as leis, governaram de forma excelente seus reinos, provando que qualquer atividade é conveniente para uma mulher inteligente. Citamos como exemplo a rainha Branca:

 

“Pode-se falar o mesmo da sábia, virtuosa e nobre rainha Branca, mãe de São Luís, que, até seu filho ficar maior de idade, governou o reino da França, com tanta nobreza e sabedoria, que nunca nenhum homem fez um governo melhor. Pela sua grande experiência, continuou sendo chefe do conselho, e nada teria feito sem ela e, até na guerra, acompanhava seu filho” (PIZAN, 2012, p. 94).

 

A dama Razão nomeou os exemplos dados sobre figuras femininas que governaram com maestria como as grandes e profundas escavações da cidade, legitimando a importância dos feitos dessas mulheres que serviriam de alicerce para a fortaleza em construção. É notável também durante a argumentação da dama a insistência em afirmar que essas mulheres citadas governaram muito melhor que qualquer homem já visto, mostrando dessa forma a grandeza da administração feminina.

 

Christine continuou seu debate com a dama Razão e a questionou sobre a natureza da mulher em ser frágil e privada de força: 

 

“Certo, Dama, vós falais muito bem e concordo, plenamente, com o que dizeis. Todavia, qualquer que seja a inteligência delas, todo mundo sabe que as mulheres têm um corpo fraco, delicado e privado de força, e que são, por natureza, covardes. Tais características, segundo o julgamento dos homens, diminuem muito o valor e a autoridade do sexo feminino. Pois eles dizem que mais corpo é imperfeito, mais o caráter é menor. Consequentemente, as mulheres seriam menos dignas de louvor” (PIZAN, 2012, p. 96).

 

A dama respondeu: 

 

“Cara filha, essa conclusão é errada e difícil de ser sustentada [...] Prometo-te, bela amiga, que um corpo grande e forte não é garantia de uma grande virtude e grande coragem [...] Vemos, frequentemente, homens grandes e fortes, mas fracassados e vis, e outros pequenos e fracos que são ardis e vigorosos; o mesmo acontece como outras virtudes” (PIZAN, 2012, p. 97).

 

Semíramis, esposa do rei Nino, foi uma dama grande em virtude, força e coragem, era exemplar no exercício e prática das armas. Viúva ainda na sua juventude governou com firmeza e disciplina, mantendo os territórios já conquistados e conseguindo anexar novos ao seu império (PIZAN, 2012, p. 99). Ela fundou novas cidades e realizou muitas obras, e segundo a dama Razão de nenhum homem se descreveu tamanha coragem, e atribuiu a ela atos extraordinários e dignos de serem lembrados, por isso nomeou-a como a primeira pedra das fundações da cidade (Idem, p. 101). 

 

Christine em busca da construção de uma fortaleza perfeita abordou com clareza cada ponto que os homens caluniavam as mulheres e em cada item ela justificou e exemplificou o porquê e como ela contrariou as opiniões misóginas. Acerca dessa questão há um diálogo, que vale apresentar aqui, entre Christine e a dama Razão.

 

Os homens afirmavam que as mulheres não possuíam capacidades físicas e a inteligência necessária para atuar intelectualmente:

 

“Mas, ensinai-me, ainda, por favor, se Deus, que lhes concedeu tantas graças que honram o sexo feminino, não quis honrá-lo, privilegiando algumas delas com virtudes, grande inteligência e saber. Desejo muito saber se seriam possíveis tais habilidades, pois os homens afirmam que as mulheres são dotadas de fraca capacidade intelectual” (PIZAN, 2012, p. 126).

 

Resposta: 

 

“Filha, por tudo que te disse anteriormente, podes saber que é completamente o contrário de tal opinião, e para te provar, com maior clareza, citar-te-ei alguns exemplos. Vou repetir e não duvides do contrário, pois, se fosse um hábito mandar as meninas à escola e ensinar-lhe as ciências, como o fazem com os meninos, elas aprenderiam e compreenderiam as sutilezas de todas as artes e de todas as ciências tão perfeitamente quanto eles” (PIZAN, 2012, p. 126).

 

Christine insistente em seu questionamento disse: “Dama, que dizei? Peço-vos, explicai-me. Certamente, os homens não admitiram nunca tal afirmação se ela não for explicada claramente: diriam que todo mundo sabe que os homens têm mais conhecimento do que as mulheres” (PIZAN, 2012, p. 126).

 

A dama Razão explicou o porquê de os homens terem esse posicionamento: “Sem dúvida, é por elas não experimentarem coisas diferentes, limitando-se às suas ocupações domésticas, ficando em casa, e não há nada mais estimulante para um ser dotado de inteligência do que uma experiência rica e variada” (PIZAN, 2012, p. 127). E continua: “Para ilustrar a tese de que a inteligência das mulheres é semelhante a dos homens, citar-te-ei algumas mulheres de profundo saber e grandes faculdade intelectuais” (Idem).

 

A jovem Corníficia foi uma mulher dotada de uma inteligência prodigiosa, e dedicou-se às letras, tomando gosto pelo saber do estudo. Em virtude da astúcia de seus pais, que a enviaram a escola ainda muito jovem, ela se esforçou tanto que logo se tornou uma poetisa, ultrapassando seu irmão que era o mais culto poeta. O escritor Boccaccio é citado como um dos grandes poetas que mencionou em um de seus livros a grandeza dessa dama (PIZAN, 2012, p. 128).

 

Proba era uma cristã de grande inteligência. Dedicou-se fielmente aos estudos e aprendeu as sete artes liberais, todas as disciplinas curriculares na Idade Média. Tornou-se uma grande poetisa e rescreveu importantes poemas, como os de Virgílio. Boccaccio também expressou sua admiração para com essa dama (PIZAN, 2012, p. 130).

 

A utilização da memória na narração das histórias femininas pela autora possuiu um objetivo político: evitar a repetição de violências e o esquecimento. O resgate dessas histórias confronta ‘os perigos da história única’ exposta por Chimamanda Adichie. Pizan relatou a história de diversas mulheres, das mais tradicionais as mais insurgentes (KULKAMP, 2020, p. 326). Christine utiliza em seu livro as memórias do passado como forma de reverter a situação misógina. Segundo Patrick Geary (1948), a memória social é um processo que permite a sociedade renovar e reformar sua compreensão do passado a fim de integrá-lo em seu contexto presente (GEARY, 2002, p. 167). A construção da cidade das damas consistiu em resgatar personagens do passado, mulheres que mostrassem os diversos campos que atuavam, as inúmeras virtudes e os grandes feitos realizados por elas, que mostrassem a mulher como alguém que assim como o homem também realizou coisas memoráveis. Ela utiliza mulheres da mitologia, das escrituras sagradas, das mais diversas literaturas. Pizan atribuiu aos feitos dessas mulheres um significado ímpar para sua obra, não são apenas modelos, mas há uma simbologia por trás deles, onde a mulher é atuante nas áreas educacionais em diferentes temporalidades da história, diferente do que era afirmado a tantos séculos pelos homens.

 

Considerações finais

 

Christine de Pizan utilizou em sua obra dois movimentos metafóricos para alcançar o seu objetivo em defesa das mulheres: desconstrução do pensamento masculino e apresentação de histórias de mulheres virtuosas. A autora utilizou os discursos misóginos ao seu favor e os destrinchou por toda a obra, justificando o porquê deles serem inverídicos e exemplificando-os para que não restassem dúvidas de que os mesmos buscavam apenas a exaltação masculina por meio da degradação feminina. Isso foi visto e abordado por Pizan em sua obra. Diversas foram as calúnias feitas contra as mulheres, mas para nos delimitarmos ao que foi trabalhado neste texto, citamos a aversão que os homens criaram acerca da mulher na educação, tratando-as como seres não inteligentes e até mesmo incapazes de serem dotadas de saberes. Christine nos mostrou que, muito diferente do que os homens afirmavam, a mulher foi capaz de se tornar um ser detentor de grande saber.

 

Referências biográficas

 

Raiely Godoi Melo é graduanda do Curso de História da Universidade de Pernambuco/campus Petrolina e integrante do Spatio Serti – Grupo de Estudos e Pesquisa em Medievalística (UPE/campus Petrolina). Atualmente realiza seu projeto de Iniciação Científica como bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) sob a orientação do Prof. Dr. Luciano José Vianna, cujo título é “a proposta educacional feminina na obra A cidade das damas - 1405 – de Christine de Pizan – 1363 – 1430 -: desconstrução da misoginia, espaços de atuação e contribuições femininas no campo educacional”.

 

Referências Bibliográficas

 

Fonte

 

PIZAN, Christine de. A cidade das damas. Trad. Luciana Eleonora de Freitas Calado Deplagne. Florianópolis: Editora Mulheres, 2012. 

 

Bibliografia

 

COSTA, Marcos R. N.; COSTA, Rafael F. Mulheres intelectuais na Idade Média: entre a medicina, a história, a poesia, a dramaturgia, a filosofia, a teologia e a mística. Porto Alegre: Editora Fi, 2019.

 

DABAT, C. Rufino. Mas, onde estão as neves de outrora? Notas bibliográficas sobre a condição das mulheres no tempo das catedrais. Cadernos de História, UFPE Recife, v. 01, p. 23-68, 2002.

 

DEPLAGNE, Luciana Eleonora. A contribuição dos escritos de mulheres medievais para um pensamento decolonial sobre Idade Média. Revista Signum, num. 2, vol. 20, p. 24-56, 2019.

 

FONSECA, Pedro Carlos Louzada. Fontes literárias da difamação e da defesa da mulher na Idade Média: referências obrigatórias. Série Estudos Medievais 2: Fontes. 2012, p. 168-188.

 

GEARY, Patrick. Memória. In: LE GOFF, Jacques e SCHMITT, Jean Claude (Org.). Dicionário temático do Ocidente Medieval. Vol. II. São Paulo: EDUSC, 2002. p. 167-181.

 

KULKAMP, Camila. A atualidade da obra “A cidade das damas”: identidades e estratégias políticas. Revista Ideação, N. 42, Julho/Dezembro, p. 318-331, 2020.

 

MACEDO, José R. A mulher na Idade Média. São Paulo: Editora Contexto, 2002.

5 comentários:

  1. Parabéns, Raiely!

    A minha pergunta: como Pizan realiza esta desconstrução do discurso misógino em sua obra? Ela apresenta fundamentos históricos? Como ela se utiliza do passado para elaborar tais questionamentos?

    Luciano José Vianna

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    1. Olá Luciano, obrigada pelas suas respostas.
      Pizan realiza a desconstrução do discurso misógino utilizando-se de memórias do passado, de mulheres que tiveram papel importante na sociedade. Dessa forma ela apresenta argumentos históricos ao citar mulheres de vários contextos históricos e fazendo referência a autores que também trouxeram as mulheres em suas obras, como por exemplo Boccaccio.
      Ela faz um resgate do passado onde exalta feitos femininos afim de contrariar as afirmações negativas masculinas acerca das mulheres.

      Raiely Godoi Melo.

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    2. Corrigindo: Olá Luciano, obrigada pelas suas perguntas?

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  2. Estimada autora,

    Parabéns pelo coerente trabalho de análise e observação da obra. O domínio da temática é evidente. Entretanto, eu gostaria de saber se na obra da Cristine de Pizan é possível observar, na escrita da autora, ou no discurso que ela acredita, traços no pensamento medieval, caracterizado como masculino e cristão? Ou seja, existe alguma passagem do livro que podemos perceber que a autora, ainda que desconstrua o discurso misógino, está dentro do pensamento do período? Além disso, o pensamento medieval estava presente nessa educação apresentada na obra? Se sim, existia algo de religioso, haja vista o contexto na qual a autora estava inserida?

    Atenciosamente

    José Carlos da Silva Ferreira

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    1. Olá Carlos, obrigada pelas observações e perguntas.
      Sim, é possível perceber que embora a autora tivesse uma visão a frente de seu tempo muitos aspectos do seu contexto foram empregados na obra. Podemos citar como exemplo disso o aspecto relacionado a quem a cidade das damas era direcionada. Apenas mulheres virtuosas, as quais seguiam os preceitos cristãos da época, poderiam adentrar na cidade, isso mostra que nem todas as mulheres poderiam fazer morada na fortaleza feminina.
      Quanto a educação é notório que ela seguia o pensamento medieval, como exemplo podemos citar que a educação era voltada a vários aspectos da sociedade: cavalaria, arte, intelectualidade, magia e muitos outros.
      Quanto aos aspectos religiosos cabe ressaltar que a principal questão abordada pela autora era o segmento dos preceitos cristãos, em virtude disso vale dizer que a religião estava inserida também na área educacional do período.

      Raiely Godoi Melo

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