Rafael Sampaio de Queiróz

PROJETO JUNTANDO OS CACOS: RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA COM ESTUDANTES DA EDUCAÇÃO BÁSICA

 

O projeto Juntando os Cacos se desenvolveu com as turmas do ensino médio na Escola Estadual Luiz Soares Andrade de Nova Andradina – MS, com a finalidade de proporcionar e estimular os estudantes na compreensão da pluralidade cultural e social, considerando que o ambiente escolar é propício para abordagens destes temas, bem como para a manifestação de conflitos relacionados a eles. O projeto foi voltado ao enfrentamento e à prevenção de diversas práticas de preconceito e discriminação, tratando de questões como as novas configurações familiares e o uso de substâncias psicoativas. 

 

Por meio de uma pesquisa em fichas elaboradas pelo professor e equipe pedagógica da unidade escolar foi notório que em muitas famílias a violência doméstica está presente e acontece pela falta de entendimento e aceitação da “diferença do outro”, desta forma, a dinâmica das oficinas realizadas era de enfrentar e superar o preconceito estrutural enraizado na sociedade, onde o que não está dentro dos padrões sociais impostos é considerado como errado e sofre represálias. 

 

A dinâmica de desenvolvimento do projeto se dava em culminância com as aulas de História e se relacionava no que foi chamado de teia: um trabalho com o apoio de outros profissionais que puderam auxiliar a escola e os estudantes a imergir na dinâmica da temática sem perder o foco e a seriedade, bem como o intuito era flexibilizar os encontros para que os estudantes não desanimassem da participação, visto que a mesma não era obrigatória. Por vezes foi notado na fala dos participantes relatos pessoais que os estudantes viveram ou estavam vivendo e com isso outros se identificavam e motivavam-se em também se abrirem à proposta e com isso integrar a teoria que estudávamos na prática de sua vida, atividades para ser trabalhar em família também foram propostas tais como: produções textuais sobre a importância de valorizar o outro, análise de imagens, vídeos extraídos do youtube que apresentavam a relação de jovens que passaram problemáticas referente a sua sexualidade e falta de aceitação do meio em que viviam, para serem assistidos com os familiares e que posteriormente as famílias fariam um relato de aprendizagem e também ocorreram palestras com psicólogos e advogados.

 

Todo o projeto foi pensado com base nos livros ‘Caco e Tosco’, de Gilberto Mattje que possui trajetória acadêmica com graduação em Psicologia pela Universidade Católica Dom Bosco (1996), graduação em Curso Integrado de Filosofia e Teologia pela Escola Superior de Estudos Filosóficos e Sociais (1988), especialização em Especialização em Psicanálise pela Universidade Católica Dom Bosco (2008) e mestrado em Psicologia pela Universidade Católica Dom Bosco (1999). O autor apresenta o personagem Caco que busca soluções críticas para a resolução de seus conflitos enquanto adolescente, o mesmo com o psicológico abalado, enfrenta dificuldades, mas também encontra a compreensão em uma pessoa, o Tosco, que agora é seu professor. O livro instiga a auto - percepção de atitudes, pensamentos, sentimentos e, consequentemente, o entendimento de si e do outro bem como a superação dos problemas.

 

Dentre várias abordagens sobre preconceito, a ênfase foi na questão da orientação sexual, de modo que os estudantes realizaram a leitura do livro em grupos, desenvolveram pesquisas no laboratório de tecnologias da escola, resumos e apresentações de seminários para melhor aprendizagem e principalmente para a quebra de preconceitos. Um dos pontos mais relevantes trabalhados nas oficinas foi a compreensão da dicotomia do masculino e feminino e dessa forma foi possível perceber que mesmo diante do sexo biológico, homens e mulheres podem ter diferentes orientações sexuais e que as mesmas devem ser respeitadas e tratadas com naturalidade, visto que a orientação de uma pessoa não a condiciona em classificação de certo e errado, e essa compreensão de julgar mediante as crenças ou até mesmo por meio do senso comum foi perceptível na fala de alguns estudantes e de suas famílias, com isso foi visto pela equipe pedagógica da escola a importância de aprofundar os eixos temáticos e também aproximar não apenas os estudantes destes debates, mas também a comunidade escolar como um todo.

 

Em ação o projeto promoveu debates com os seguintes temas: Diferença entre sexo biológico, orientação sexual, identidade de gênero e sexualidade; Afetividade e Sexualidade; Preconceito x Discriminação, A Violência contra o diferente e as leis sociais; Conceito de família. Todas essas abordagens foram de suma importância para a comunidade escolar, visto que os que não estavam familiarizados com os termos, poderiam então confundi-los, por isso foi necessário entender que cada um deles possui a sua particularidade e compreender a importância de cada um deles para o desenvolvimento integral da pessoa como algo fundamental.

           

No que tange ao campo do gênero e sexualidade humana, entende – se que o sexo é uma parte integrante de nossa formação biológica, a identidade de gênero é a parte psicológica íntima da pessoa, que pode ou não se conformar ao seu meio externo, sendo assim o sexo define aquilo que socialmente foi constituído com masculino, feminino ou intersexuais que apresentam geralmente apenas um órgão sexual, mas possuem características sexuais masculinas e femininas.

 

A identidade de gênero é a percepção que o indivíduo tem sobre si, trata-se de uma experiência interna e individual que pode ou não corresponder àquela atribuída ao seu sexo biológico no nascimento, isso acaba incluindo o senso pessoal do corpo que pode envolver por livre escolha a modificação da aparência ou função corporal por meios cirúrgicos e outras expressões de gênero, como a mudança na forma de se vestir. Uma outra expressão a ser compreendida é da assexualidade, ou seja, quando um indivíduo não sente nenhuma atração ou desejo sexual por ninguém, seja de gênero oposto ou igual ao seu.

 

Um viés muito importante trabalhado no decorrer dos encontros e oficinas foi a compreensão dos danos emocionais causados pela não aceitação de si mesmo, da sua orientação e também da gravidade psicológica ocasionada por meio da violência verbal, emocional e física, sofrida por muitas pessoas mediante sua orientação sexual, o que por vezes gera graves transtornos. Um exemplo claro disso era o personagem Caco que foi um menino comum, mas que sempre sofreu bullying por ser acima do peso e tal fato o deixava muito triste. Para compensar essa tristeza, Caco buscava se refugiar em jogos além de fazer amizades com garotos skinheads extremistas muitas vezes pertencentes a movimentos neonazistas que segregam a sociedade com discursos preconceituosos contra negros e negras, homossexuais e imigrantes.

 

A leitura e as oficinas passaram a ficar mais atrativas conforme os estudantes avançavam na leitura e passavam a ter acesso à história de vida do Caco, inclusive muitos se emocionavam, se identificavam por viverem a mesma realidade consigo ou com pessoas próximas, na leitura ficava nítido como aquele menino era semelhante ao cotidiano real dos envolvidos no projeto, eles notam que com o tempo, Caco passa por mudanças comportamentais, troca os videogames por bicicleta e academia e isso o levou a ter muitos músculos e, se sentindo forte, arrumava brigas com todos, além de se tornar um skinhead e zombar constantemente de homossexuais, ele entrou em choque quando sua irmã diz que é homossexual. Caco vai parar no hospital por conta do uso de anabolizantes e daí começa a namorar Cici, que lhe visitava sempre no hospital. Pouco tempo depois Cici declara estar grávida e Caco não aceita tal fato e começa a usar drogas pesadas. Essa realidade foi um meio pelo qual conseguimos evidenciar tantos problemas na escola tal como a evasão, onde muitos estudantes abandonam por pressão psicológica, falta de aceitação e por não terem parte na comunidade escolar onde estão inseridos.

 

Quando chegamos ao final da leitura, Caco é expulso de casa e passa a morar com a sua irmã, a única que lhe deu apoio. Entretanto, ele não muda sua atitude: foi preso algumas vezes pelos espancamentos aos homossexuais e bebia muito. O personagem começou a ficar com distúrbios emocionais, não dormia e continuava a beber e então a sua irmã decide o levar a um grupo de apoio. Nesta fase ele começou a trabalhar e suas notas melhoraram, além disso, ele tentou encontrar Cici e o bebê por toda a cidade e, após inúmeras tentativas, descobriu que o nome da sua filha era Jéssica. Caco se aproximou da sua filha e cuidou dela junto com a sua mulher sendo felizes depois de tantos dias de tristeza. Com esse aspecto trabalhamos com as famílias dos estudantes a importância do acolhimento e aceitação da família, e a relação de diálogo com os seus para o enfrentamento e combate ao preconceito.

 

Um ponto nisto tudo que foi apresentado é a importância de que quanto mais as pessoas se sentirem oprimidas, com receios e medos e adiar a sua própria transformação, compreensão e aceitação, mais dolorosa e difícil serão as suas vidas, é importante procurar entender o outro, e mesmo que à primeira vista os termos sexo biológico, orientação sexual, identidade de gênero e sexualidade; podem parecer similares, porém quando conhecemos cada um deles fica evidente a diferença entre sexo e sexualidade, por exemplo e com isso não condicionamos as pessoas com julgamentos baseados no senso comum e em preconceitos herdados de gerações e por desinformação.

 

Desta forma notou - se a importância do ensino da disciplina alinhado a projetos que possuíssem o atendimento a realidade dos estudantes, visto que com isso o espaço da escola torna - se dinâmico e mais atrativo e também as aulas, e o reflexo desse trabalho foi notório na comunidade escolar, onde, com o empenho de todos conseguimos humanizar ainda mais as relações entre as turmas e também alguns puderam ser atendidos por profissionais especializados, já que o projeto causou estímulo para exporem seus conflitos e necessidades. 

 

O ensino de História na escola passou a ser visto com outros olhos, a disciplina causou um olhar de reflexão e desconstrução histórica e não apenas como um trabalho com fatos e memórias sem entender o que eles trazem consigo, o projeto de história justificou-se na intenção de compreender que diversidade é uma construção social e isso significa que as distinções não existem em si mesmas, elas são sempre produto da cultura, e esse produto cultural, foi  o objeto de estudo, onde pode ser analisado a questão de valores sociais e também como a escola em seu PPP (projeto político pedagógico) aborda as questões sociais. 

 

O projeto encerrou-se com a apresentação de entrevistas realizadas pelos estudantes com pessoas de seu meio social e comunidade que passaram por experiências de superação: tanto pessoas que passaram por preconceito contra elas e outras que aprenderam a desconstruir o preconceito enraizado nelas mesmas a partir do contato com realidades dentro de sua família e círculos de amizade. 

 

As apresentações ocorreram para as turmas do ensino médio no auditório da escola e a utilização da história oral se tornou de suma importância e com o uso do recurso puderam ser preenchidas lacunas deixadas em aberto no desenvolver do projeto, visto que oportuniza a obtenção dos relatos de pessoas que passaram pela experiência de preconceito contra sua identidade e dessa forma compõem as memórias abordadas ao longo do projeto. Nas palavras de Verena Alberti: “Sendo um método de pesquisa, a história oral não é um fim em si mesma, e sim um meio de conhecimento. Seu emprego só se justifica no contexto de uma investigação científica, o que pressupõe sua articulação com um projeto de pesquisa previamente definido (ALBERTI, 2005, p. 29).

 

A construção desse debate proporcionado nas aulas e o olhar para as questões sociais gera disposição e mudança, os estudantes podem associar os temas com seu cotidiano e introduzir a “história do cotidiano” de forma com que ela seja de fato percebida e interpretada, e isso se faz necessário para que ocorram posturas diferentes e o ensino de história precisa ser esse mediador que apresente as diferenças historicamente e como algo natural que sempre se fez presente na humanidade, e desta maneira o ensino - aprendizagem da História torna – se  referência para o processo de construção e respeito das identidades destes sujeitos e de seus grupos de pertença.

 

As aulas de História devem se tornar espaços de reflexão e não apenas de aplicabilidade de conteúdo a ser cobrado em uma avaliação, o ensino histórico se bem trabalhado e dinamizado pode ter um papel importante na configuração da identidade ao incorporar a reflexão sobre o indivíduo nas suas relações pessoais com o grupo de convívio, suas afetividades, sua participação no coletivo e suas atitudes de compromisso com classes, grupos sociais, culturais, valores e com gerações passadas e futuras.

 

O ensino de História gera possibilidade aos seus alunos para capacidade de compreensão e análise crítica sendo que professor é o principal responsável pela mediação e criação das situações de troca, de estímulos na construção de relações entre o estudado e o vivido, assim a apreensão das noções de tempo histórico em suas diversidades e complexidades podem favorecer a formação do estudante como cidadão, fazendo - o aprender a discernir os limites e possibilidades de sua atuação na permanência ou na transformação da realidade histórica em que vive.

 

O grande trabalho do professor é mostrar que a história não é o passado apenas, mas a sua reconstrução a partir das evidências e fatos, sejam eles de qual tempo histórico for, e a partir dessa compreensão com suas rupturas e permanências o estudante pode apropriar-se de um olhar consciente para sua própria sociedade e para si mesmo. A História se concebida como processo interligado e não isolado em si, uma ciência que percebe as diferenças e semelhanças, os conflitos, as contradições e as solidariedades, igualdades e desigualdades existentes na sociedade pode comparar problemáticas atuais e de outros momentos e assim posicionar-se de forma crítica no seu presente e buscar as relações possíveis com o passado, desmistificando ao estudante o conceito de uma disciplina que não aborda a atualidade e que causa por vezes falta de interesse por ser apresentada com o valor que de fato possui.

 

Em suma, o ensino de História não pode ser transmitido ou visto como uma simples repetição de fatos, mas sim com a dimensão verdadeira que se tem, na qual as práticas sociais e o resgate de memórias sociais devem ser utilizadas para uma maior compreensão das identidades individuais e coletivas, onde o estudante começa a construir sua identidade e não apenas construir, mas refletir sobre a mesma e assim se tornar membro ativo da sociedade no sentido de que tem consciência de seu espaço e seu direito e também o espaço e direito do outro e assim perceber a importância de se estabelecer relações sem julgarmos tanto no passado quanto no presente, e assim educar o aluno para que possa perceber-se como sendo parte integrante da história, não simples espectador do ensino desta.

 

Referências biográficas

 

Rafael Sampaio de Queiróz, professor de História da rede estadual de educação de Mato Grosso do Sul.

 

Referências bibliográficas

 

ALBERTI, Verena. Manual de história oral. 3ª ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2005.

 

MATTJE, G. Caco. Cuiabá: Alvorada, 2014.

11 comentários:

  1. Parabéns pelo seu projeto, gostei muito dessa prática em sala de aula.
    o conhecimento é um caminho no combate de preconceitos e opressão, principalmente entre a juventude. E a escola, sem dúvida é o melhor espaço para disseminar tal conhecimento, especialmente com atividades práticas. O meu questionamento é, o que te motivou a desenvolver este trabalho? Teve algum relato que te chamou a atenção de forma especial?

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    1. Olá,Ana Joana Zimolong!

      Agradeço tanto pela parabenização quanto pela leitura deste meu relato. Este projeto nasce de uma inquietação muito particular, pois enquanto professor sempre pude acompanhar muitas realidades excludentes tanto da parte da família e por vezes de alguns trabalhadores em educação. Conviver com os estudantes em sala de aula acaba gerando um adendo à intimidade deles, onde os mesmos fazem relatos para nós professores de modo que não fazem com seus responsáveis, visto que sabem que a nossa acolhida e abordagem não será de julgamento ou mutilação, acredito que essa é a minha principal motivação: compreender a realidade e a necessidade do meu público da escola, e quando nossa proposta pedagógica vem de encontro a verdadeiras necessidades podemos colher inúmeros pontos positivos. Mas é claro, nem tudo são flores, a gente acaba se expondo e sofremos um pouco por fazer esse enfrentamento e desconstrução, porém faria tudo novamente. Sobre um fato que chamou atenção foi de uma estudante que passava por abuso e durante o projeto ela se abriu com nossa equipe, não vou entrar em detalhes por ser muito pessoal, mas essa foi a mais marcante, porém muitos foram os acontecimentos, principalmente a abertura de algumas famílias para seus filhos com orientações sexuais diferentes das quais eles julgavam correta.

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  2. Thais Gaia Schüler25 de maio de 2021 às 13:23

    Que projeto interessante, Rafael. Quando a proposta inicial do projeto foi lançada, como foi a receptividade das famílias dos alunos envolvidos ?

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    1. Olá, Thais Gaia Schüler!

      Obrigado por ter lido meu relato! De primeiro momento, assim como todo projeto que demanda uma certa estrutura e retira da zona de conforto e confronta nossas verdades, gerou descontentamentos e crítica, exemplos que posso lhe dar são os casos de estudantes que não participaram do projeto quando falava de sexualidade e gênero, pois a religião deles não concordava com aquilo que o projeto trazia como proposta, outros pais argumentavam dizendo que não consideravam correto trabalhar esse "tipo de assunto" na escola, pois na cabeça deles os alunos iriam lá para aprender as disciplinas e não para ensinarmos coisas erradas. Porém os que apoiavam ainda era a maioria, e eu também tinha na escola uma gestão excelente, democrática e aberta, que comprou a ideia do projeto e levaram comigo até o fim, isso ajudou muito. Um abraço, e espero ter respondido sua dúvida.

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  3. Que projeto incrível, parabéns.
    Falar sobre gênero e sexualidade, do meu ponto de vista é bastante desafiador, principalmente com pessoas de caráter mais conservador, como por exemplo alguns pais. Imagino que em alguns momentos do projeto houve situações conflitantes. Como foi pra você, abordar esse tema?
    Giovana Mariano Pereira

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    1. Olá, Giovana Mariano Pereira!

      Primeiramente agradeço sua leitura do meu relato, e fico honrado também pela parabenização.


      De fato trabalhar temas mais conflitantes e que forçam as pessoas a se moverem de sua "ideia verdadeira"é um desafio, mas esses projetos sempre vieram parar em minhas mãos e eu os desenvolvia com muito ânimo pois a inquietação por inclusão e igualdade são latentes aqui dentro de mim.

      Como você disse, nem tudo são flores na realização de um projeto como este, por mais que era diminuto e simples, ele tocava em realidades muito particulares: sexo, drogas, família, bebida entre outros. No decorrer das oficinas muitos foram os embates e os conflitos, e essa foi a importância de estarmos amparados por profissionais especialistas junto da comunidade escolar, pois a especificidade da formação de cada um dos que foram nossos parceiros serviram para completar as lacunas que apenas nossa formação de licenciatura deixariam abertas.


      Famílias se opuseram ao projeto, estudantes relutaram e julgaram como uma afronta a sua fé e ensinamento de seus pais, e nunca foi, em cada oficina tomávamos muito cuidado para que não houvesse uma comunicação violenta. Com muito trabalho em equipe apoio de uma gestão incrível nós conseguimos e colhemos os frutos.

      Um abraço e espero ter respondido sua dúvida, fico à disposição!

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  4. Achei muito necessário o reconhecimento do papel da escola e do ensino de história como auxiliador na desconstrução do preconceito.
    Giovana Mariano Pereira

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    1. Olá, Giovana Mariano Pereira!

      Sou grato por sua leitura do meu relato de experiência, e deixo registrado o quando ainda considero relevante esse tema, a realização dessas oficinas foi há tempos atrás, porém continua se fazendo cada dia mais necessários debates como estes em nossas escolas.


      Penso comigo que se a escola não for espaço para desconstrução e construção, nossos estudantes podem não ter essa mesma oportunidade em outras instituições sociais nas quais eles convivem.

      É sabido por todos nós educadores o quanto nosso currículo de conteúdo é vasto para ser aplicado em sala de aula, nossas cobranças burocráticas são imensuráveis, porém não podemos nos furtar de exercer um papel além do conteudista, e dessa forma podemos fazer a culminância de alguns temas para elaborar um bom projeto.


      Um abraço e mais uma vez obrigado!

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  5. Parabéns pelo seu trabalho, o projeto é incrível, iniciando pela temática, que infelizmente ainda é um tabu e gera polêmica. Tenho grande interesse em desenvolver um trabalho direcionado a educação sexual e seu projeto reforça essa ideia. Meu medo é me deixar vencer pelas barreiras que podem surgir, afinal é um desafio e tanto falar sobre questões relacionadas ao gênero e sexualidade. No entanto acredito ser de extrema importância, já que debater o assunto leva conhecimento sobre como agir, permitir, sentir e aceitar. Minha pergunta é, quais as principais dificuldades que você encontrou para desenvolver o projeto? Como contornou os conflitos de opiniões, e se teve que enfrentar alguma objeção familiar ou da gestão escolar?

    Bárbara Antônia Souza da Silva
    Graduanda de licenciatura plena em História, 7° período. Universidade Nilton Lins - Manaus/Am

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    1. Olá, Bárbara Antônia Souza da Silva!

      Agradeço imensamente pela sua leitura atenciosa do meu relato de experiência, e seu comentário também me edifica.


      Considerando os questionamentos que você levanta em seu comentário, posso te dizer que se faz necessária nossa atuação militante, combatente,perspicaz e e educada frente a esses tipos de temas e projetos, e o nosso trabalho não é algo que ocasionará um efeito repentino, costumo chamar de trabalho conta gotas, mas todo o processo até o resultado final é uma semeadura que muito vale.


      Sobre dificuldades,eu enfrentei muitas e não apenas com as famílias, mas também com educadores, o que para mim se torna uma face ainda mais triste, pois o mínimo que se espera de nós é a abertura de mentalidade, mas em linhas gerais não é assim.


      No que tange as famílias as oposições aconteceram sim, principalmente por parte das mais religiosas, alguns dos estudantes foram impedidos pelos pais de participarem das oficinas que abordavam o tema de gênero, sexualidade, identidade de gênero, e alguns até queriam, porém seus pais não autorizavam, enquanto alguns diante de sua base familiar e religiosa já se opunham sem nem mesmo os pais pedirem,mas não apenas os religiosos tinham essa posição, e o que mais notei foi aversão para com as oficinas de gênero e sexualidade, e isso já fala por si.


      Você me pergunta como contornei os conflitos e posso dizer sem dúvida alguma: eu estava muito certo do meu objetivo com esse projeto e eu também não me encontrava sozinho. Caso você observe as minhas outras respostas, em todas eu falo da gestão que a escola possuía, eles eram democráticos, abertos aos projetos e com esse não foi diferente, e quando falo em gestão digo direção e coordenação, posso dizer que não idealizei sozinho, e penso que esse foi o sucesso, eu idealizei, mas se tornou um projeto da escola, e muitas vezes vemos competição entre os professores para ver quem faz o melhor projeto, atitudes assim segregam e não qualificam.

      Outro ponto que posso julgar positivo foi a parceria com profissionais específicos, eles fizeram toda diferença e deram credibilidade as nossas oficinas pois ali estávamos com especialistas.

      Acredito que consegui responder suas questões, e caso tenha faltado algo estou à disposição. Continue sonhando pela educação!

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  6. Ótimo textos, parabéns, a cerca da comunidade escolar, existiu algum tipo de barreira em relação aos pais ou até mesmo alunos sobre o desenvolvimento do projeto?

    Sthefany dos Santos Batista

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