Georgiane Garabely Heil Vázquez e Mariana Barbosa de Souza

DECOLONIALIDADE, GÊNERO E ENSINO DE HISTÓRIA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

  

Notas preliminares

 

Entre temáticas atuais que permeiam o ensino de história, não se pode olvidar das que envolvem as discussões a respeito de gênero e das sexualidades. Nesse sentido, buscamos refletir acerca da importância de tais pesquisas, a partir da construção de um evento de extensão universitária no âmbito da Universidade Estadual de Ponta Grossa-UEPG, ofertado pelo Laboratório de Estudos de Gênero, Diversidade, Infância e Subjetividades – LAGEDIS, em parceria com o Programa de Pós-Graduação em História (PPGH/UEPG) e que teve como intuito debater questões de gênero e suas implicações diante da decolonialidade.

 

A partir deste evento, formulado na estrutura de minicurso, foram estabelecidas relações com educação em geral e com o ensino de história em específico, visando a promoção e construção de uma consciência crítica, conforme assevera Paulo Freire (2009), levando em consideração a possibilidade de correlacionar coisas e fatos acerca de determinadas situações e circunstâncias que envolvem gênero e sexualidades.

 

Trabalhar com gênero implica também a apropriação de diferentes correntes teóricas e metodológicas, porque em se tratando de gênero enquanto uma categoria útil à história e, consequentemente, ao seu ensino, não é possível fugir da própria lógica de construção conceitual que é europeia e norte-americana. Assim, percebemos a necessidade de compreensão de questões de gênero (no seu sentido mais amplo possível, envolvendo questões tocantes às mulheres, à população LGBTQIA+ – (é uma sigla que abrange pessoas que são Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais/Travestis/Transgêneras/Queer/Questionando,Intersexo,Assexuais/Arro-mânticas/Agênero e outras possibilidades de identidades de gênero e de orientação afetiva-sexual –, às masculinidades, entre outras correlações), a partir da decolonialidade. Logo, evitando o perigo de uma história única, apresentado por Chimamanda Adichie (2019), entendemos que as diferentes histórias importam, sobretudo porque elas têm o condão de empoderar e humanizar um povo, um grupo social. Nesse sentido, demos ênfase à decolonialidade, pensando-a a partir da América Latina, de autores e autoras latino-americanos.

 

Outrossim, existem vertentes científicas, como a positivista, que percebem a ciência como algo neutro e universal. A criação de uma categoria específica, como a de gênero, para se analisar e compreender a sociedade adveio de estudiosas feministas da década de 1970 (SAFFIOTI, 2015). O estabelecimento de uma categoria analítica surgiu em decorrência da urgência de superação do determinismo biológico relativo à utilização do termo sexo. Decorre desta compreensão a construção social de identidades, tanto de homens, quanto de mulheres. E a partir da criação do conceito de gênero surge, também, a possibilidade de desconstrução de papéis relacionados.

 

E quando pensamos a História e a sua construção, não podemos ignorar o fato de que por muito tempo houve um imaginário construído acerca de uma história para homens, aceita como universal, que ignorava a diferença entre sexos e se utilizava do trabalho gratuito de mulheres. Ademais, infelizmente persiste em setores da produção histórica a ideia de que a historiografia que envolve as discussões acerca da História das Mulheres, Gays, Lésbicas e da população LGBTQIA+, é tida como uma história militante, não científica e ausente de neutralidade (PEDRO, 2011).

 

Para Joan Scott (1995, p. 86), gênero é estabelecido a partir da concretização de relações sociais que possuem como base a diferenciação entre o sexo e se constituem no âmago das relações de poder. Para a autora “gênero é a organização social da diferença sexual.” E nesse contexto, embora em muitas situações recorramos a autores como a própria Joan Scott e Judith Butler (ambas americanas), não podemos ignorar que estamos inseridos em uma realidade muito particular, que envolve condicionantes raciais e de classe, significativos, como é o caso de toda a América Latina.

 

A professora Joana Pedro chama atenção para as pesquisas que estão sendo construídas na História. De acordo com Pedro (2005, p. 92):

 

“Com estes aportes, é necessário pensar que pesquisas estamos fazendo na História. Estamos usando esta disciplina para reforçar a heterossexualidade ao considerá-la como a norma? Como estamos observando os discursos da constituição do Estado? O que é generificado nestes discursos? Quais relações são feminilizadas e quais masculinizadas?[...] Ao observarmos, como profissionais da História, as práticas que ensejam a divisão sexual do trabalho, dos espaços, das formas de sociabilidade, bem como a maneira como a escola, os jornais, a literatura, enfim, os diferentes meios de comunicação e divulgação constituem as diferenças reforçando e instituindo os gêneros, estamos escrevendo uma história que questiona as “verdades” sedimentadas, contribuindo para uma existência menos excludente”.

 

É importante evidenciar como estas temáticas, sobretudo as que envolvem gênero e sexualidades, adentram o campo da História muito em vista da impossibilidade de se desconsiderar as propriedades constitutivas dos sujeitos. A História e, obviamente o seu ensino, não formam um campo isolado e distante dos debates sociopolíticos e justamente por isso, diante de sua complexidade, é que se fomentam debates necessários. O processo de constituição de um campo não deve ou não deveria estar distante dos debates que se colocam da arena social.

 

Diante desse complexo debate no qual se inserem as questões de gênero, o LAGEDIS-UEPG iniciou em suas reuniões de estudo e aprofundamento teórico um profícuo debate sobre a produção historiográfica sobre gênero e a temática da decolonialidade, do ser e do saber, e tal estudo se mostrou central e ainda pouco abordado. Deste modo, a ideia de promover um estudo sistemático entre mestrandas sobre esse conceito para posteriormente ofertar um minicurso para comunidade interna e externa da UEPG ganhou corpo no âmbito do laboratório. 

 

Decolonialidade: um conceito necessário ao ensino de História

 

Refletimos acerca do Ensino de História a partir do apontamento de que a academia se coloca como um espaço necessário e importante para que tais debates ganhem destaque e se coloquem como pautas políticas e científicas a serem consideradas. O campo da Ensino de História possibilita que as diferentes esferas e aspectos da sociedade se encontrem em um espaço diverso, complexo, relacional e isso se expressa na produção de conhecimento no campo. Entretanto, a amplitude dimensional do campo, o encontro de perspectivas, abordagens, temáticas de pesquisa e pautas em debate, traz o questionamento sobre como as discussões têm sido construídas e interpretadas pelos pesquisadores e pesquisadoras.

 

Neste interim e a partir da perspectiva epistemológica da decolonialidade, se faz urgente a apreensão das formas como o debate sobre gênero e sexualidades tem sido assimilado pelos pesquisadores e pesquisadoras e impresso na produção de conhecimento. Sem essas questões, corre-se o perigo de recair na universalização da problemática, apagando as diferentes realidades que se apresentam como resistência e transformação a partir dos territórios que os conformam tensionando a normatividade.

 

Ao tratar do gênero, enquanto uma categoria analítica, entendemos que ele é um conceito socialmente estabelecido, a partir das práticas, performances e identidades construídas, fundamentadas em um papel social assumido. O sistema de significação de gênero é relacional, mutante e individual, além de posicionamento político e dependente do lugar que cada corpo assume diante de relações sociais de poder (SCOTT, 1989; BUTLER, 2003; SAFFIOTI, 2015). Nesta concepção do conceito de gênero, a construção de identidades masculina ou feminina não é inerente ao chamado sexo biológico, e sim calcado em subjetividades, em que o sujeito está em processo constante de construção. Então, aqui tratamos o termo gênero como não necessariamente associado ao sexo biológico, mas na percepção de que é culturalmente construído, ou seja, “são os significados culturais assumidos pelo corpo sexuado” (BUTLER, 2003, p. 24).

 

A ocupação de diferentes espaços por pessoas LGBTQIA+, por mulheres e por minoriais sociais em geral implica ainda no entendimento de processos de exclusão espacial, nos quais a pobreza soma-se ou intensifica-se mediante à ineficiência das políticas públicas ao tentar solucionar as questões relacionadas ao gênero. Nesse sentido é importante demarcar que este texto é proposto por mulheres pesquisadoras, ao sul do mundo, relacionando com o que é apresentado por Mignolo (2008, p. 290) sobre identidade política ao pensar de maneira decolonial: Todas as outras formas de pensar (ou seja, que interferem com a organização do conhecimento e da compreensão) e de agir politicamente, ou seja, formas que não são decoloniais, significam permanecer na razão imperial; ou seja, dentro da política imperial de identidades. Refletir a partir da decolonialidade exige entender de onde se vem, de onde se fala, mas sobretudo de onde se pretende falar e quem desejamos possuir como destinatário, como interlocutor.

 

Assim, este relato mostra-se também como uma desobediência epistêmica, que apresentada por Quijano (1992 apud MIGNOLO, 2008, p. 288), pode ser compreendido como

 

“La crítica del paradigma europeo de la racionalidad/ modernidad es indispensable. Más aún, urgente. Pero es dudoso que el camino consista en la negación simplede todas sus categorias; en la disolución de la realidad en el discurso; enla pura negación de la idea y de la perspectiva de totalidad en el conocimiento. Lejos de esto, es necesario desprenderse de las vinculaciones de la racionalidad-modernidad con lacolonialidad, en primer término, y en definitiva con todo poder no constituido en la decision libre de gentes libres. Es la instrumentalización de la razón por el poder colonial, en primer lugar, lo que produjo paradigmas distorsionados de conocimiento y malogró las promesas liberadoras de la modernidad. La alternativa en consecuencia es clara: la destrucción de la colonialidad del poder mundial.”

 

Então, a partir da desobediência epistêmica, compreendemos que a elaboração do conhecimento embasado na colonialidade e em suas formas de racionalidade oprime a libertação de diferentes maneiras e com distintas formas de opressões. Por essa razão, apresentamos o presente relato enquanto uma desobediência epistêmica, tendo em vista quem a escreve, onde a escreve e o que se questiona.

 

Relato de experiência: um minicurso articulando gênero e decolonialidade

 

Tratamos de um relato de experiência do Curso Gênero e Decolonialidade, evento em forma de minicurso elaborado no cerne do Núcleo de Pesquisas em Estudos de Gênero, do Mestrado em História da Universidade Estadual de Ponta Grossa – PPGH/UEPG. O curso também foi construído e ministrado com respaldo e apoio institucional e acadêmico do LAGEDIS. Intencionamos com isso a divulgação científica, além da contribuição para com diferentes áreas de conhecimento, funcionando como um exemplo de estratégia que pode ser reproduzida em outras realidades e contextos, como é o caso do ensino presencial.

 

É necessário destacar a ousadia da proposta, que inverteu papéis tradicionalmente estabelecidos nos espaços universitários pois foram as acadêmicas, mestrandas de primeiro período, que tomaram a frente do curso. As professoras coordenadoras do LAGEDIS, Angela Ribeiro Ferreira e Georgiane Garabely Heil Vázquez acompanharam a formulação e execução de minicurso, mas o protagonismo foi conquistado pelas mestrandas, numa clara proposta de estrutura decolonial do saber. 

 

O curso foi desenvolvido em duas fases gerais: a fase inicial constituiu-se de contatos intrauniversitários e concepção do curso detalhado submetido à Professora Georgiane Heil Garabely Vázquez, que o aprovou; houve, então, um momento de contatos extrauniversitários para divulgação do curso; e, por fim, a segunda fase que foi a execução do curso no dia 26 de novembro de 2020.

 

O evento foi liderado pelas mestrandas Mariana Barbosa de Souza, Marieli Rosa e Micheli Rosa, com a participação da Professora Georgiane, responsável pelo Núcleo de Pesquisas em Estudos de Gênero e também da professora Angela Ribeiro Ferreira, co-coordenadora do LAGEDIS. A primeira etapa do curso consistiu em leitura prévia do texto de América Latina e o giro decolonial, de Luciana Ballestrin, publicado na Revista Brasileira de Ciência Política, em 2013, enviado com antecedência aos participantes. Atribuímos a essa etapa quatro (04) horas de desenvolvimento. No dia da realização do curso, realizamos uma sessão de abertura, de no máximo 30 minutos, em que foram apresentados os motivos da realização do curso, contexto e justificativa. Recebemos, no total, cinquenta e sete inscrições. No dia do evento somamos mais duas horas de trabalho contínuo e, ao final, a certificação foi emitida com 06 (seis) horas.

 

A abertura do evento foi feita pela Professora Georgiane, que recepcionou o público em ambiente virtual (recorremos à utilização da ferramenta google meet), com uma breve explanação sobre as características do curso e um pouco das especificidades da realidade que seria debatida.

 

O curso foi amplamente divulgado por meio de mídias sociais, e-mails e outros meios. Com isso, foram convidados alunos(as) que estão cursando bacharelado e licenciatura em História, além de outros(as) interessados(as) como mestrandos e doutorandos da área da História. O principal critério de inclusão de estudantes oriundos das graduações foi a proximidade que o mestrado em História da UEPG possui com os Cursos de Licenciatura e Bacharelado em História. O trabalho do Núcleo de Pesquisas em Estudos de Gênero é tradicionalmente conhecido por seu trabalho de vínculo com estudantes da graduação. A interface graduação/pós-graduação é a regra no PPGH/UEPG via LAGEDIS, rompendo desta forma certa ideia de “hierarquia” acadêmica entre alunos/as da graduação e do mestrados.

 

O curso contou com dois momentos. O primeiro momento envolveu a apresentação do texto indicado para leitura prévia. Em um segundo momento abrimos espaço para discussão e debate, ocasião em que foram apresentados argumentos acerca da utilização da decolonialidade enquanto percurso metodológico. As discussões perpassaram, principalmente, pesquisas dos(as) participantes, que buscam utilizar a decolonialidade enquanto postura epistemológica. Ao final, foram tratados os desafios para a construção de uma pesquisa decolonial.

 

Destacamos que o evento, realizado em período de pandemia, teve que ser construído remotamente, apresentando limitações e também potencialidades. Assim, conseguimos atingir pessoas que não teriam condições de participar do curso caso ele fosse realizado de maneira presencial, por conta da distância entre cidades. Estudantes externos à UEPG e, também, ao Paraná, participaram, fato que consideramos positivo.

  

Considerações finais

 

Estudantes dos cursos de bacharelado e licenciatura em História da UEPG e de outras universidades participaram do evento, além de pesquisadores(as) do LAGEDIS, somando um total de aproximadamente 20 (vinte) pessoas. Os participantes do evento puderam ter suas dúvidas sanadas no momento posterior à apresentação do texto discutido, momento em que participaram as idealizadoras do evento e a professora responsável pelo Núcleo de Pesquisas em Estudos de Gênero. Nesse momento, foi apresentada uma noção geral da apropriação da decolonialidade enquanto posicionamento epistemológico e os desafios diante da sua utilização.

 

Destacamos a importância do trabalho realizado pelo mestrado em História da UEPG que visa a aproximação com estudantes da graduação. É um trabalho conjunto entre professores(as) do Programas e estudantes do mestrado, que tem se revelado enquanto uma estratégia vantajosa de aproximação entre esses dois públicos. Tal aspecto aumenta a visibilidade universitária e ajuda na continuidade da formação universitária.

 

Nesse sentido, o ensino e, nesse caso em específico o ensino de história, abre possibilidade para ir além das barreiras da sala de aula e do ambiente da universidade, na medida em que pode proporcionar uma troca de conhecimentos inclusive em caráter interdisciplinar. Acreditamos que esses momentos são importantes, pois além de sanar dúvidas de interessados em cursar o mestrado e dar continuidade à formação acadêmica, estimula-os na medida em que propõe temas de pesquisa.

 

O delineamento das ações desenvolvidas no curso ocorreu de forma a propiciar um maior contato dos participantes com estudos de gênero e de sexualidades e a decolonialidade, a partir de um viés do campo científico da História. Observamos um interesse preponderante dos participantes nas discussões que relacionamos com a população LGBTQIA+ e a História das Mulheres. A interação proporcionada nesse evento entre estudantes universitários, mestrandos e professores, ainda que de forma remota, permitiu a construção de um olhar diferenciado para estratégias que aproximem os estudantes de graduação da pós-graduação.

 

Referências biográficas

 

Dra. Georgiane Garabely Heil Vázquez, professora da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG)

Dra. Mariana Barbosa de Souza, professora da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA) e mestranda em história (PPGH/UEPG)

 

Referências bibliográficas

 

ADICHIE, Chimamanda. O perigo de uma história única. Trad. Julia Romeu. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.

 

BALLESTRIN, Luciana. América Latina e o giro decolonial. Rev. Bras. Ciênc. Polít. N. 11. Brasília May/Aug. 2013, p. 89-117.

 

BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.

 

FREIRE, P. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2009. 

 

MIGNOLO, MIGNOLO, W. Desobediência Epistêmica: a opção descolonial e o significado da identidade em política. Cadernos de Letras da UFF –Dossiê: Literatura, língua e identidade, 2008, nº 34, p. 287-324.

 

PEDRO, Joana Maria. Traduzindo o debate: o uso da categoria gênero na pesquisa histórica. História [online]. 2005, vol.24, n.1, pp.77-98.

 

PEDRO, Joana Maria. Relações de gênero como categoria transversal na historiografia contemporânea. Topoi (Rio J.) [online]. 2011, vol.12, n.22, pp. 270-283. ISSN 2237-101X. https://doi.org/10.1590/2237-101X012022015

 

SAFFIOTI, H. Gênero, patriarcado e violência. São Paulo: Expressão Popular: Fundação Perseu Abramo, 2015.

 

SCOTT, Joan W. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação & realidade, Porto Alegre, v.2, n.20, p.71-100, jul.-dez. 1995.

4 comentários:

  1. Muito interessante o relato da experiência de vocês e parabéns pela iniciativa.
    Minha questão é: como podemos aproximar esse debate à educação básica? E como não deixar a professora de história 'sozinha' nessa discussão?
    Sei que não há uma resposta única e nem deve ter, mas construções. Porém, penso em como trazer esses debates em formações de professores?(principalmente nesses momentos de desinformações em que vivemos).

    A leitura deu algumas ideias, obrigada pelo texto.
    Paola Rezende Schettert

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    1. Olá, Paola!!

      Muito obrigada pela sua leitura acerca do nosso trabalho. A sua questão é muito pertinente. Entendemos que é muito difícil, ainda hoje, ir além de um trabalho disciplinar e que pense a integração das diferentes áreas do conhecimento. Contudo, temos buscado refletir sobre essas possibilidades. Logo, pensamos que projetos integradores no ambiente escolar podem ser um caminho para envolver as pautas que levantamos no texto, especialmente sobre gênero. Entendemos como, mesmo em 2021, é difícil abordar gênero, sexualidades e população LGBTQIA+ quando não se teve isso na graduação, por exemplo. Então, percebemos que trabalhar essas questões de modo propositivo, envolvendo a comunidade escolar (pais, professores e professoras, funcionários e, sobretudo, estudantes) pode ser um começo.

      Agradecemos, mais uma vez, a sua interação.
      Fraterno abraço.
      As autoras Georgiane Garabely Heil Vázquez e Mariana Barbosa de Souza assinam essa resposta.

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  2. Boa tarde!

    Parabéns aos pesquisadores! Minha pergunta é: como vocês adaptariam esse tema tão complexo e necessário em sala de ensino fundamental? Como a/o professora/professor pode se organizar nesse sentido para tornar esse assunto compreensível aos alunos?

    Gessica de Brito Bueno

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    1. Olá, Gessica!!

      Muito obrigada pela sua leitura acerca do nosso trabalho. A sua questão é muito importante. Temos nos defrontado com muitos professores e professoras que não tiveram a discussão dessas pautas quando realizaram as suas graduações e que hoje tem dificuldade em lidar com situações que envolvem a população LGBTQIA+, desde as mais simples, como por exemplo: de que maneira dirigir-se à uma pessoa transgênera? Assim, temos nos esforçado em ir até escolas de ensino público, conversar com professores, com funcionários e com a comunidade escolar em geral, para de alguma forma auxiliar a compreender um pouco o tema. Entendemos que nessas horas, cabe aos professores(as) um grande esforço e até mesmo empatia, porque na grande maioria dos casos, estudantes que fazem parte da comunidade LGBTQIA+ já são hostilizados em outros locais, inclusive em suas casas, por suas próprias famílias. Então, trabalhar esse tema, em aula pode ajudar estudantes a se encontrarem no mundo. Quando professores(as) resgatam personalidades históricas que também são LGBTQIA+, estudantes que também fazem parte desse grupo se veêm representados. São ações simples, que podem fazer muita diferença na vida destes alunos(as). Sugerimos a abordagem dessa comunidade relacionando com o conteúdo das disciplinas e, no caso da história, isso é possível de ser feito dando visibilidade a personalidades LGBTQIA+ que foram ignoradas pela história. As maneiras de trabalhar-se o tema são infinitas.


      Agradecemos, mais uma vez, a sua interação.
      Fraterno abraço.
      As autoras Georgiane Garabely Heil Vázquez e Mariana Barbosa de Souza assinam essa resposta.

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