Caroline Trapp de Queiroz e Flavio de Souza

O MAL QUE CAUSA O HOMEM DE BEM: UM OLHAR SOBRE O HOMEM BRANCO BRASILEIRO

 

O início do fim

 

Seria impossível falar de todas as mazelas do homem caucasiano nas terras tupiniquins sem começar pelo início da tragédia: a chegada dos portugueses ao Brasil. Caro leitor, cremos que somente tal informação já seria suficiente para entender todos os problemas que enfrentamos como sociedade até os dias atuais, mas nosso interesse é pensar em uma educação que problematize historicamente os atos do homem branco brasileiro, mergulharemos aqui no que pode ser uma das raízes do Brasil que muitos preferem não enfocar – sobretudo considerando que a própria educação institucional corroborou com a negligência de nossa história, escrita com muita dor e sangue, sobretudo não branco. 

 

Nós, autores desse texto, fomos educados em escolas primárias ainda na década de 1990, um na capital do Rio de Janeiro e a outra em Curitiba, capital do Paraná. Ambos aprendemos, nos primeiros anos escolares, que a chegada dos portugueses ao Brasil foi um evento maravilhoso: chegada pacífica, troca de artefatos por sementes e minérios, miscigenação das raças e a chegada da fé e do progresso nessa nova terra. A verdade histórica foi bem mais macabra e cruel. Este filme, que antes parecia com um conto lindo da Disney, está mais para um roteiro escrito e dirigido por Quentin Tarantino (e talvez nem mesmo ele conseguiria pensar em algo tão violento quanto o princípio da nossa história enquanto nação). O que houve aqui, como muitos autores nos ajudam a compreender, foi invasão seguida de saques, estupros e destruição da natureza. 

 

Sobre a “miscigenação das raças”, durante muito tempo perdurou o pensamento equivocado do sociólogo Gilberto Freyre (2006, p. 83) que, com base em informações extraídas da branquitude desvairada, então hegemônica na produção da ciência e da cultura do momento histórico em que escreveu, destacou tais uniões como “um verdadeiro processo de seleção sexual”, devido ao modo como o europeu se servia das mulheres que encontrava em meio às comunidades indígenas. Enfatiza ele que, “de semelhante intercurso sexual só podem ter resultado bons animais, ainda que maus cristãos ou mesmo más pessoas”. 

 

A citação é tão absurda que fica até difícil analisar, pois para além das tantas perspectivas de discussão possíveis, o único mundo em que uma mulher indígena teria interesse sexual por um homem branco, fraco, com poucos hábitos higiênicos, aparentemente doente é o mundo da literatura fantasiosa de José de Alencar ou da animação Pocahontas. Gilberto Freyre, não satisfeito em errar sobre a mulher indígena, lançando-lhe um olhar lascivo e pouco empático, consegue também deturpar o “relacionamento” entre o homem branco e a mulher negra, durante o período de escravização brasileira. Em outro de seus delírios (ou talvez por propósito discursivo mesmo, já que era amigo de eugenistas declarados como Raimundo Nina Rodrigues e Monteiro Lobato), afirma,

 

“Já houve quem insinuasse a possibilidade de se desenvolver das relações íntimas da criança branca com a ama-de-leite negra muito do pendor sexual que se nota pelas mulheres de cor no filho-família dos países escravocratas. A importância psíquica do ato de mamar, dos seus efeitos sobre a criança, é na verdade considerada enorme pelos psicólogos modernos; e talvez tenha alguma razão Calhoun para supor esses efeitos de grande significação no caso de brancos criados por amas negras. É verdade que as condições sociais do desenvolvimento do menino nos antigos engenhos de açúcar do Brasil, como nas plantações ante-bellum da Virgínia e das Carolinas - do menino sempre rodeado de negra ou mulata fácil - talvez expliquem por si sós, aquela predileção. Conhecem-se casos no Brasil não só de predileção mas de exclusivismo: homens brancos que só gozam com negra. De rapaz de importante família rural de Pernambuco conta a tradição que foi impossível aos pais promoverem-lhe o casamento com primas ou outras moças brancas de famílias igualmente ilustres. Só queria saber de molecas. Outro caso, referiu-nos Raoul Dunlop de um jovem de conhecida família escravocrata do Sul: este para excitar-se diante da noiva branca precisou, nas primeiras noites de casado, de levar para a alcova a camisa úmida de suor, impregnada de bodum, da escrava negra sua amante. Casos de exclusivismo ou fixação. Mórbidos, portanto; mas através dos quais se sente a sombra do escravo negro sobre a vida sexual e de família do brasileiro” (FREYRE, 2006, p. 367).

 

Mas o que esperar de um cidadão que em 1964, defendeu a queda de João Goulart e, em 1969 passou a integrar o Conselho Federal de Cultura, durante a ditadura militar brasileira, a convite do presidente general Emílio Médici? (CPDOC, s.d.). Como dizem os jovens de 2020: “o golpe tá aí. Cai quem quer!”.

 

Quanto ao progresso trazido pelo homem branco, de Pedro Álvares Cabral a Bolsonaro, podemos afirmar sem rodeio que seria muito melhor se os navios portugueses nunca tivessem aportado por essas praias. O melhor trajeto possível seria que tivessem parado na Antártica. Sim, colocar Bolsonaro e Antártica na mesma sentença não é mera coincidência, desprevenido leitor, afinal, Bolsonaro disse em vídeo, no último dia 28 de abril, a seguinte frase: “Conheça o Brasil por dentro e por fora... Amazônia, Antártica... ”. Não sabemos se ele havia bebido muita Antarctica no dia para cometer tal gafe, mas fica registrada sua fala como imagem dialética do momento histórico em que estamos sendo governados por um homem branco (como de costume) que provavelmente seria reprovado na disciplina de Geografia do 3º ano do ensino primário de qualquer escola brasileira, ou não passaria da pergunta de 1 mil do Show do Milhão. 

 

Porém, voltemos ao fim dessa unidade e vejamos onde o progresso português nos deixou e como as autoridades atuais estão tratando nossa única terra e nossa gente. Segundo Gortázar (2020), 

 

“O Desmatamento na Amazônia dispara e atinge recorde em 12 anos. A maior floresta tropical do mundo perdeu 11.088 quilômetros quadrados de árvores no ano passado, 9,5% a mais que no ano anterior. A Amazônia é tão vasta que o Greenpeace fez algumas contas para que seja mais fácil entender a dimensão da perda. São 626 milhões de árvores derrubadas. É como se a cada minuto do ano passado a Amazônia tivesse perdido o equivalente a três campos de futebol, até somar 1,58 milhão de estádios”.

 

Para os que se dizem patriotas e nacionalistas, além de nossa bandeira jamais se tornar vermelha, ela também perderá o seu verde – e parece não haver problema algum em relação a isso. Quando o assunto é população, principalmente os mais empobrecidos desse país cheio de riquezas, o problema é ainda maior. 

 

“Hoje, mais da metade dos domicílios brasileiros – 55,2% ou 116,2 milhões de pessoas – vivem algum grau de insegurança alimentar segundo pesquisas. É o maior índice de fome desde 2004 em comparação com pesquisas realizadas pelo IBGE naquele ano, um ano depois do início do programa Fome Zero, uma das bandeiras do governo do então presidente Lula, que viria a perder espaço para o Bolsa Família” (GAGLIONE, 2021). 

 

Diante desses números assustadores, resta questionar como um país que se declara cristão consegue dormir à noite sabendo que tantas famílias não têm o que comer? Usaremos um pouco de estudos religiosos para tentar responder essa e outras questões na próxima unidade desse texto.

 

O cidadão de bem sempre foi muito mal

 

Os homens brancos que fazem parte da classe média brasileira, ou acima desta, são na maioria das vezes hipócritas. Isso não ser novidade é a parte mais leve desse parágrafo, deixe-nos escurecer (porque olha onde esclarecer nos levou) melhor o que temos com o típico cidadão de bem e todo o seu cinismo em cobrar aquilo que nem ele mesmo é. Sobre ser branco, os estudos de Silvio Almeida (2019) e Lia Vainer Schucman (2012) nos lembram que ser branco no Brasil é diferente de ser branco na Alemanha ou nos EUA, por exemplo, pois são países em que, em algum momento histórico, o debate em torno da “pureza racial” e da “supremacia branca” atingiu o ápice da violência e, em contrapartida, da luta pelos direitos civis. 

 

Provavelmente você já ouviu um homem branco de meia idade dizer algumas das seguintes frases: “Não sou racista. Tenho até amigos pretos”, “Tenho negros na família”, “Já namorei uma negra”, etc. Quando diz coisas como essas, o homem branco acredita estar legitimando o pensamento equivocado de não ter privilégios quanto a sua cor. E mesmo que, de fato, ele não seja aceito como branco na Europa ou nos EUA, como bem nos lembra Silvio Romero (1970), raça não é um termo estatístico e seu sentido está atrelado às circunstâncias históricas. Logo, um homem branco se relacionar com negros, usar drogas – estereótipo que a polícia adora atrelar aos negros –, andar “descolado”, ser de religião de matriz africana, decorar músicas de rap – como retratado no filme Ponto Cego (ESTRADA, 2018), com o personagem Miles – nada disso o faz negro ou menos branco. 

 

Quem nasce no Japão é japonês, na França é francês e no Brasil é brasileiro. Nosso adjetivo pátrio era, antes de mais nada, um adjetivo que remetia à ideia de trabalho. Na língua portuguesa, as palavras com sufixo -eiro ou -eira designam atividade laboral. São os casos de pedreiro, costureira, marceneiro, torneiro, e etc. Depois de tanto tempo com essa nomenclatura, é possível associar o homem branco brasileiro ao trabalho? Principalmente aos trabalhos que sustentam toda uma metrópole, como o Rio de Janeiro, por exemplo? Será que é o homem branco quem acorda ainda de madrugada para levantar novos prédios? – Ressalva para a exclusão de muitos nordestinos “brancos” que ajudaram na construção das grandes metrópoles do Sudeste desde o êxodo rural. É o homem branco que varre nossas ruas? Recolhe nossos lixos? Abre as padarias? Dirige os ônibus? Ou será que essa massa brasileira é formada, na sua maioria, por pessoas negras periféricas? 

 

E como questionar a sexualidade do homem branco heterossexual? Isso pode ser mais arriscado do que questionar até mesmo sua moralidade. Essa casta de homem tem na sua demonstração de heterossexualidade uma espécie de estandarte nos advertindo que todas as suas atitudes grosseiras são “coisa de macho”. E sabemos que um macho só idolatra, ama, cultua e fortifica laços de amizade exclusivamente com aqueles que ele considera também machos. Pergunte a um homem desse tipo quem é a sua figura heroica ou seu atleta favorito. Quem não conhece um rapaz branco de camisa gola polo e sapatênis que se esforça muito para gostar do sexo oposto? Em compensação, o mesmo filtro parece não existir em relação aos homens com quem convive. Até mesmo um dos mais brilhantes filósofos alemães não deixou de ser um belo macho quando falou das mulheres,

 

“Aquilo que na mulher inspira respeito e não raramente temor é a sua natureza, que é muito mais natural que a do homem, a sua mobilidade, a agilidade da verdadeira besta fera, a unha felina que esconde, sob a luva perfumada, seu egoísmo ingênuo, sua inépcia em ser educada, o seu ser intimamente selvagem, o inconcebível, a ilimitada mobilidade de suas paixões e virtudes... o que inspira piedade por esse felino perigoso que chamamos "mulher" é que ela é mais sujeita a ;sofrer, mais sensível, mais amorosa e condenada às desilusões mais que qualquer outro animal. Temor e piedade, eis os sentimentos que o homem experimenta até agora diante da mulher, sempre com um pé na tragédia, cuja desventura também entusiasma?” (NIETZSCHE, 2001, p. 165).

 

Além disso, nada se aproxima mais da figura de anti-herói dos quadrinhos do que o pai brasileiro. Como bem citado na canção de Fábio Jr.: “Pai, você foi meu herói, meu bandido. Hoje é mais muito mais que um amigo. Nem você, nem ninguém tá sozinho. Você faz parte desse caminho. Que hoje eu sigo em paz. Pai. Paz”. Mas não podemos falar sobre pais brasileiros sem falar delas: as mães. Segundo Arrellaga e Monteiro (2021), no Brasil há mais de 11 milhões de mulheres que são mães solteiras e, por mais que suas realidades sejam diversas e atravessadas por diferentes questões regionais e de classe, a condição com que vivem sua maternidade assemelha-se em alguns aspectos, sobretudo quanto aos impactos causados pela pandemia da Covid-19, que aumentou suas jornadas de trabalho por conta das escolas fechadas. 

 

Dados do site “Mulheres na Pandemia” mostram que 72% das mulheres afirma que aumentou a necessidade de monitoramento e companhia; 41% das mulheres que seguiu trabalhando durante a pandemia com manutenção de salários afirmou trabalhar mais na quarentena; 40% das mulheres afirmou que a pandemia e a situação de isolamento social colocaram a sustentação da casa em risco. Além disso, 58% das mulheres desempregadas são negras; 61% das mulheres que estão na economia solidária são negras e 84% das mulheres afirma ter sofrido alguma forma de violência no período de isolamento. Esses dados culminam na triste realidade de um país que perde em média quatro mulheres por dia, vítimas de feminicídio (LIMA, 2021). Assim, se no tópico em que nos prontificamos a falar sobre os pais, falhamos em fazê-lo, afinal, como geralmente se supõe, talvez eles tenham saído para comprar cigarro.  

 

Escurecendo as ideias 

 

O estilo de vida do cidadão de bem – seja o American way of life nos EUA ou a classe média brasileira – tem como base a manutenção dos privilégios, não só de gênero, como também de raça. Homens negros de periferia dificilmente alcançarão esse estilo de vida e o conforto de não se darem ao luxo de aprender algo que não seja com o intuito de complementar renda. O envelhecimento precoce do jovem negro é uma realidade cruel, pois desde muito cedo ele ajuda no cuidado da família, preocupando-se em ser educado, respeitoso, trabalhador, e etc. Não deixando de lembrar o fato de jovens negros serem sempre responsabilizados ainda criança ou adolescentes pelos seus atos, enquanto o homem branco adulto quando erra “ainda está aprendendo”. Com isso, o patamar “meritocrático” do padrão de vida imposto pela branquitude, será sempre uma ilusão às possibilidades e quando finalmente consegue alcançar, é tratado como impostor, desqualificado ou simplesmente não deveria estar ocupando determinados espaços. Como bem defende o ministro da economia Paulo Guedes, Bolsonaro e seus seguidores, o pobre não pode ter êxitos que não sejam continuar em trabalhos braçais precários com baixa remuneração. De acordo com a reportagem do dia 29/04/2021 do Correio Braziliense, o ministro diz que: “ o programa (FIES) deu bolsa para quem não tinha a menor capacidade. Não sabia ler, escreve”; “ Que as universidades estão em estado “caótico”, e exemplificou: “Paulo Freire. Ensinando sexo para criança de 5 anos. Todo mundo... maconha, bebida, droga. Dentro da universidade. Estado caótico. Eu prevejo o mesmo fenômeno para a saúde”. “Fies bancou universidade até para filho de porteiro ". O mesmo ministro que quando criticado pela desvalorização do câmbio monetário e alta do Dólar, disse, segundo a reportagem do jornal O Globo de 12 de fevereiro de 2020: “ que dólar alto é bom: ‘empregada doméstica estava indo para Disney, uma festa danada ”. 

 

Portanto, nossos problemas enquanto nação estão nas mãos do homem branco ou são o próprio homem branco. Pensar um novo conceito de ser homem brasileiro, uma masculinidade mais afetiva e sem preconceitos é um dever (urgente) moral das famílias e educadores, pois perdemos diariamente diversos jovens que não se encaixam nesse modelo de vida ou passarão o resto de suas vidas frustrados por não serem “homens de verdade”. É muito difícil seguir o trecho bíblico de 1 Coríntios 16:13, já que a meritocracia foi uma das mentiras mais cruéis criadas por essas terras. Preferimos encerrar o presente texto, com esperança de dias melhores, com uma mensagem de resistência do Rap que sempre foi marginalizado e sofreu muita repressão (como o negro e o indígena):

 

Onde estiver, seja lá como for, tenha fé porque até no lixão nasce flor.

 

Referências biográficas

 

Caroline Trapp de Queiroz, doutoranda em Educação pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

 

Flavio de Souza, graduando em Letras pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

 

Referências bibliográficas

 

ALMEIDA, Silvio de. O que é racismo estrutural. São Paulo: Sueli Carneiro; Pólen, 2019.

 

ARRELLAGA, María Magdalena; MONTEIRO, Patricia. Os estragos invisíveis da pandemia para as mães solo. El País. 17/03/2021. Disponível em: <https://brasil.elpais.com/brasil/2021-03-17/os-estragos-invisiveis-da-pandemia-para-as-maes-solo.html>. Acesso em: 01 mai. 2021. 

 

BÍBLIA SAGRADA. Bíblia online. Disponível em: <https://www.bibliaonline.com.br/ >. Acesso em: 01 mai. 2021. 

 

CORREIO BRAZILIENSE. Guedes critica FIES e reclama de bolsa para filho de porteiro. 29/04/2021. Disponível em: <https://www.correiobraziliense.com.br/euestudante/ensino-superior/2021/04/4921198-guedes-critica-fies-e-reclama-de-bolsa-para-filho-de-porteiro.html>. Acesso em: 01 mai. 2021.

 

CPDOC. FGV. Gilberto Freyre. Biografias. Disponível em: <https://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas1/biografias/gilberto_freyre>. Acesso em: 01 mai. 2021. 

 

ESTRADA, Carlos López. Blindspotting. EUA, 95 min., 2018.

 

FREYRE, Gilberto. Casa Grande & Senzala: Formação da família brasileira sob o regime da economia patriarcal. São Paulo: Global, 2006.

 

GAGLIONE, Cesar. A fome que atinge 19 milhões de brasileiros na pandemia. Nexo Jornal. 06/04/2021. Disponível em: <https://www.nexojornal.com.br/expresso/2021/04/06/A-fome-que-atinge-19-milh%C3%B5es-de-brasileiros-na-pandemia>. Acesso em: 01 mai. 2021. 

 

GLOBO. Guedes diz que dólar alto é bom: ‘empregada doméstica estava indo para Disney, uma festa danada’. 12/02/2020. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/economia/guedes-diz-que-dolar-alto-bom-empregada-domestica-estava-indo-para-disney-uma-festa-danada-24245365>. Acesso em: 01 mai. 2021. 

 

GORTÁZAR, Naiara Galarraga. Desmatamento na Amazônia dispara e atinge recorde em 12 anos. El País. 30/11/2020. Disponível em: <https://brasil.elpais.com/brasil/2020-11-30/desmatamento-na-amazonia-dispara-e-atinge-recorde-em-12-anos.html>. Acesso em: 01 mai. 2021.

 

LIMA, Rafaela. Desde o início do ano, o Brasil registra, em média, 4 feminicídios por dia. Pandemia agrava situação. Metrópoles. 13/01/2021. Disponível em: <https://www.metropoles.com/brasil/desde-o-inicio-do-ano-brasil-registra-em-media-4-feminicidios-por-dia-pandemia-agrava-situacao>. Acesso em: 01 mai. 2021. 

 

MULHERES NA PANDEMIA. Disponível em: <http://mulheresnapandemia.sof.org.br/>. Acesso em: 01 mai. 2021.

NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. Além do bem e do mal ou prelúdio de uma filosofia do futuro. Paraná: Hemus, 2001.

 

ROMERO, Silvio. História da literatura brasileira. Rio de Janeiro: José Olimpio,1960.

 

SCHUCMAN, Lia Vainer. Entre o “encardido”, o “branco” e o “branquíssimo”. Tese (Doutorado em Psicologia Social). Universidade de São Paulo. 2012.

10 comentários:

  1. Primeiramente, parabéns pelo excelente texto. Se a intenção era que o leitor ficasse reflexivo e indignado, o objetivo foi alcançado com sucesso. Com base nos apontamentos de vocês, quais os mecanismos possíveis para romper com essa visão do homem branco em nossa educação na atualidade?

    Vanessa Cristina da Silva Sampaio - UFAM

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    1. Olá, Vanessa!

      Obrigado por compartilhar os efeitos que o texto lhe causou conosco. A sua dúvida é motivo de muito estudo e debate para todo e qualquer educador ou instituição educativa que esteja interessada em (re)contar uma história que não tenha apenas e exclusivamente as lentes, réguas e lápis da branquitude. Acreditamos que se as abordagens educativas não evoluírem para esse campo contrário em que determinados grupos continuem sendo oprimidos como foram nos séculos anteriores, a educação terá falhado miseravelmente naquilo em que ela mais deveria se apoiar que é a construção de pessoas melhores para a reconstrução de um mundo melhor. Assim, esperamos ter respondido satisfatoriamente a sua dúvida.

      Abraços de Carol e Flavio.

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  2. Olá Caroline e Flavio que texto forte e potente. Parabéns pelo trabalho é muito reflexivo, sobretudo quando colocamos essa questão na educação e nas letras vejamos essa visão do homem branco tem dominado a historiografia, inclusive os livros didáticos e currículos. Quantas histórias não são invisibilidades através desse discurso hegemônico que foi contatado durante muito tempo nas escolas. Minha pergunta vai nessa direção da Vanessa, que caminhos possíveis para descolonizar essa visão no ensino de história e também na historiografia brasileira? Qual a opinião de vocês?
    Abraços!
    Bruna C MArino Rodrigues

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    1. Olá, Bruna!
      Somos muito gratos por seu comentário. A resposta ao comentário da Vanessa talvez não atenda toda a sua dúvida, então esperamos que este aqui seja suficiente para tal. Além de pesquisadores desse campo, somos (Carol e Flavio) também agentes de educação na cidade do Rio de Janeiro e em lugares de aprendizado totalmente diferentes entre si. Diante disso, o que percebemos é que existe sim um desafio muito grande para desconstruir essa visão no de ensino de história e também na historiografia brasileira. Não que tal problema não exista também em outras áreas, mas como estamos em um simpósio de Ensino de História, focaremos só em tal campo. Além disso, nossa maior dificuldade no processo de descolonizar o ensino de história nunca esteve na troca com os estudantes, podemos apontar sem rodeio algum que algumas das maiores dificuldades que já enfrentamos foram; outros docentes retrógrados, instituição sem brechas no currículo arcaico e as desgraças não terminam aqui, poderíamos te listar, no mínimo mais dezenas de problemas. Contudo, percebemos ao longo da história desse país que é muito vantajoso para um determinado grupo continuar com este tipo de educação falida e atrasada, pois com ela é possível continuar a manutenção dos privilégios brancos.

      Abraços de Carol e Flavio.

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  3. Bom dia! Parabéns pelo texto ácido. Interessante análise histórica e sociológica. Se tratando de fontes históricas, vocês têm algum material em mente para pesquisas destas masculinidades?

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    1. Oi, Flávia!

      Agradecemos sua leitura! Pensando na dimensão cultural, dois exemplos nos ocorrem como campos férteis para a reflexão das masculinidades: a publicidade, ao apresentar construções idealizadas e quase sempre hegemônicas da representação do homem; e os brinquedos, que cumprem a função de difundir e socializar essa representação entre as crianças. Como contrapartida, temos também produções recentes que buscam adensar discursivamente o debate sobre as masculinidades, como a série Brooklyn 99, por exemplo.

      Abraços de Carol e Flavio.

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    2. Muito bom, obrigada!

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  4. João Pedro Furlan dos Santos27 de maio de 2021 às 19:12

    Boa noite, texto muito bom! Na opinião dos autores, levando em conta o momento político em que vivemos no Brasil atualmente, seria possível abordar esta temática dentro da sala de aula? Se sim, de que forma e utilizando quais abordagens?

    João Pedro Furlan dos Santos

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    1. Olá, João Pedro!
      Somos gratos pelo comentário. Gostaríamos de poder dizer para você que nossas abordagens, quando damos aulas juntos, são sempre muito viscerais e impactantes, apostando sobretudo nas Artes como meio para mobilizar tais questões. Falamos, por exemplo, na nossa última aula interdisciplinar (em curso pré-vestibular) sobre como a mídia cinematográfica hollywoodiana deturpa e ofende os excluídos com blackface, whitewashing, etc. Porém, sabemos que o momento não é dos melhores para quem se revolta... O patriarcado branco, o machismo e o racismo ascenderam com muita força por aqui nos últimos anos. Então, por sermos trabalhadores que dependem de renda para sobreviver, deixaremos para ti o seguinte conselho: trabalhe essas e outras questões, mas tente se preservar também. São tempos sombrios e por isso não queremos perder as poucas lamparinas que temos.

      Abraços de Carol e Flavio.

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  5. Meus parabéns pelo texto!

    De que maneira, nós como educadores e pais, levando em conta o nosso presente em que os pais são monitores e auxiliadores no ensino remoto, podemos abordar tais questões dentro da Educação infantil e reafirmar essa historiografia mais democrática?

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