Alana Rasinski de Mello e Angela Ribeiro Ferreira

POR QUE ENSINAR A HISTÓRIA DAS MULHERES? EDUCAÇÃO, ENSINO DE HISTÓRIA E O DEBATE DE GÊNERO

         

Atualmente a temática gênero nas escolas tem se tornado algo bastante controversos. Mas de fato as pessoas entendem o que é o conceito de gênero e como este tema poderia ser tratado nas escolas?

 

Apresentamos a seguir algumas reflexões realizadas durante a pesquisa de mestrado intitulada "’Que sabe dos homens e das mulheres’: o Ensino de História a partir da representação de gênero na Coluna do Jornal O Tibagi (1948-1950)”, que analisou as representações das mulheres na coluna do jornal e propôs formas de inclusão da história das mulheres e do debate de gênero nas aulas de História na escola.

 

Nos dias de hoje, a palavra gênero carrega um estigma muito mais forte do que no passado devido à grande onda conservadora que invadiu a política e a nossa sociedade e por consequência, reflete em nossas escolas. Segundo Miguel (2016, p. 595), no ano de 2014 começaram a ganhar mais destaque projetos de lei contra a doutrinação marxista nas escolas e contra a ideologia de gênero. O Movimento Escola sem Partido, tem como sua principal pauta combater a “ideologia marxista nas escolas”. Porém, como o movimento conta com o apoio dos setores mais conservadores da política como a chamada bancada evangélica, outra pauta se uniu ao tema, o combate a “ideologia de gênero”.

 

Este combate a “ideologia de gênero” reforça a ideia de que homens e mulheres já nascem com papéis predestinados na sociedade, como se as diferenças entre os gêneros masculino e feminino fossem explicados por apenas por aspectos biológicos.

 

Os estudos de gênero questionam esse pré-determinismo. Segundo Scott:

 

“Na sua utilização mais recente, o termo “gênero” parece ter feito sua aparição inicial entre as feministas americanas, que queriam enfatizar o caráter fundamentalmente social das distinções baseadas no sexo. A palavra indicava uma rejeição do determinismo biológico implícito no uso de termos como “sexo” ou “diferença sexual.” (1995, p. 72)

 

Gênero vai além das diferenças biológicas entre homens e mulheres, ele traz consigo toda as diferenças socialmente construídas e impostas a homens e mulheres.

 

Este combate à “ideologia de gênero” reforça a ideia de que homens e mulheres já nascem com papéis predestinados na sociedade. E ao naturalizarmos e reproduzirmos estes papeis como sempre fora, sem questioná-los, continuamos a repetir alguns erros, como excluir e silenciar as mulheres na história.

 

Quando estudamos a disciplina de História nas escolas, infelizmente é fácil de se perceber a ausência de personagens femininas. É como se as mulheres não tivessem feito parte da história, já que pouco elas aparecem em materiais didáticos.

 

Podemos perceber que nas universidades, o número de pesquisas sobre gênero e história das mulheres tem aumentado muito nos últimos anos. Dossiê lançado pela Revista Estudos Feministas e 2011 traz artigos que discutem as questões de gênero na escola através de diversas abordagens diferente. As autoras, Cristiane B. Silva e Paula Ribeiro, responsáveis pelo dossiê afirmam que desde 2006:

 

“temos coordenado o Simpósio Temático Gênero e Sexualidade nos Espaços Escolares, no Seminário Internacional Fazendo Gênero, que visa oportunizar um espaço de discussões e reflexões relativas às questões de gênero e sexualidades nas práticas escolares da Educação Básica, pensadas, aqui, como construções culturais, sociais e políticas. Nesse Simpósio Temático buscamos promover debates sobre como se produzem as identidades e diferenças sexuais e de gênero dos sujeitos envolvidos nas relações escolares, enfatizando-se também suas intersecções com questões de classe, raça e geração.” (2011, p. 463)

 

Um dos textos publicado neste dossiê discute o fato do número de professoras mulheres ter crescido muito entre os séculos XIX e XX no Brasil, mostrando que como profissionais da educação, as mulheres têm entrados nas escolas.

 

Até o século XIX o magistério primário era ocupado por uma maioria masculinas, mas esta realidade mudou a partir do século XX quando boa parte dos profissionais de educação desta faixa etária tornaram-se mulheres. Isto se deve ao fato de que, depois de algum tempo, a visão sobre educação escolas começou a mudar e o "ensino como uma extensão da função maternal" (HAHNER, 2011, p. 467). Então, o número de professoras mulheres, principalmente para os alunos mais jovens começou a crescer.

 

É importante ressaltar também que até determinado momento, o ensino era dedicado apenas aos meninos de uma determinada classe social (elites). Boa parte da população brasileira (não apenas as mulheres, mas as pessoas mais pobres também), estavam excluídas da educação.

 

Em 1827, no Brasil, foi feita a primeira legislação que tratava da educação feminina. Esta legislação se referia a criação de escola em todas as cidades para cuidar da educação de meninos e meninas. (HAHNER, 2011, p. 467).

 

A educação feminina na década de 1870 conectava-se muito as questões da maternidade. Para se ter crianças educadas, era necessário pensar na educação da mãe. Este pensamento da época estava relacionado a ideia de modernização do país, educando as pessoas que viviam nas cidades. Nesta década é possível perceber um significativo aumento do número de mulheres alfabetizadas nas cidades, o que colaborou para o aumento do número de professoras. Além disso, o fato de poder contratar mulheres com salários menores também colaborou para que esse número aumentasse. As mulheres atingiam um certo nível de instrução que permitia que elas ocupassem alguns cargos em empresas ganhando menos que os homens.

 

Além disso, as mulheres tinham menos opções profissionais que os homens. Segundo Hahner: 

 

“Com poucas alternativas abertas às mulheres de certa instrução e status, ensinar era o desejado, embora os salários fossem inferiores aos dos homens. O ensino trouxe a algumas mulheres uma maior independência econômica, com relação àquela que poderiam ter alcançado de outro modo.” (2011, p. 468)

 

Outro aspecto importante que diz respeito a educação feminina no Brasil é a criação de escolas mistas. Estas escolas eram uma alternativa mais econômica para o Estado, mas vista com maus olhos por algumas pessoas ainda no século XIX.

 

As escolas mistas se tornaram mais comuns para as classes mais baixas da sociedade. As elites demoraram mais para aceitar. Foi a Reforma Leôncio de Carvalho, feita por meio do Decreto de 19 de abril de 1879, que incentivou a criação de escolas mistas.

 

Podemos perceber então que, as mulheres passaram a fazer parte das escolas como professoras e alunas. Mas será que elas também faziam parte do que era estudado? Nas aulas de história, aprendemos sobre a contribuição das mulheres? Ou discutimos sobre como elas viviam no passado? Sobre suas conquistas?

 

Crocco, em seu texto “Making Time for Women’s History” discute sobre a história das mulheres nas aulas de história. Crocco menciona que Lerner, em sua dissertação afirmou que gostaria que a História das mulheres se tornasse parte de todos os currículos de todos os níveis de educação. Que a história das mulheres que está cada vez mais ganhando espaço nas pesquisas universitárias também chegasse nas escolas.

 

Segundo Crocco, este desejo de Lerner, de ver a história das mulheres como algo que mereça ser estudado, tem sido atingido na universidade onde estudos deste tipo têm sido feitos de maneira bastante ampla, porém, quando observamos a questão da história das mulheres nos níveis anteriores de ensino, este quadro não se repete. Segundo a autora, não existem muitos materiais para trabalhar sobre o assunto nas escolas secundarias dos Estados Unidos. (CROCCO, 1997, p. 32).

 

Muitos fatores contribuem para este fato. Existe nas escolas uma pressão para dar conta dos conteúdos canônicos já propostos para a aula de história. Definir o que é importante ser ensinado para que os alunos possam responder a testes padronizados, acabam por fazer com que a história das mulheres seja deixada para segundo plano. Segundo Crocco:

 

“Embora as mulheres representem metade da população mundial e, nesse sentido, tenham experimentado metade da história humana, suas histórias são frequentemente marginalizadas, se não omitidas inteiramente, quando a história mundial ou americana é ensinada na classe da nação.” (1997, p. 32 tradução nossa)

 

Uma questão levantada pela autora, que é visível também em livros didáticos brasileiros, é que quando, em alguns casos, é dado espaço para a história das mulheres, esta aparece apenas como um apêndice (sidebars). Apresentada desta maneira, segundo Crocco, a história das mulheres não se mistura com a "verdadeira história" que é aquela que fala sobre economia e política, a história dos “grandes homens” e dos “grandes acontecimentos”. Abordada desta maneira, a história das mulheres permanece marginalizada. A autora fala que apesar de ruim, esta apresentação nos livros didáticos ainda é melhor do que a total ausência da história das mulheres.

 

Então, quais as razões pelas quais ensinar a história das mulheres no high school (no caso do trabalho de Crocco)? Por que ensinar a história das mulheres aqui, na realidade do nosso país? E como abordar este tema sem que a professora ou professor precise renunciar ao conteúdo prescritos nos currículos? É necessário que se encontre um equilíbrio, e não que se deva escolher entre ensinar uma ou outra coisa.

 

Um currículo representa a “verdade” para os estudantes, desta forma, elementos que são deixados de lado pelo currículo (neste caso, a história das mulheres) podem ser considerados pelos alunos assuntos que não possuem relevância.

 

Em pesquisa sobre a história das mulheres nos livros didáticos apresentada em 2005, Ferreira já apontava que 

 

“As pinceladas de história das mulheres propostas nos livros não dão conta de formar, ou melhor, de abalar as representações sedimentadas pela sociedade sobre os papéis da mulher, mesmo que os novos papéis já tenham sido reconhecidos e legitimados juridicamente, através da legislação.” (2005, p. 120)

 

Um outro problema mencionado por Crocco (1997) em deixar de lado a história das mulheres é o fato que ficamos sem conhecer parte da história do mundo, já que as mulheres representam metade da população mundial, tornar essa parcela da história invisível torna o conhecimento histórico escolar incompleto.

 

É importante mencionar que autora frisa em seu texto que na história tradicional dos "vencedores" e dos "grandes homens", além de excluir as mulheres, muitos homens também são deixados de lado, geralmente os das classes mais baixas já que esta história tradicional mencionada pela autora é bastante elitista.

 

Além disso, conhecer a história a partir de outros pontos de vista é muito importante. Os alunos precisam se reconhecer na história e eles também tem a necessidade de conhecer o outro, o diferente, o mundo. Por isso, Crocco defende que não é necessário que se escolha entre ensinar a antiga história oficial ou a história das mulheres e outros que foram menos influentes na história política, econômica e militar, mas que é possível ensinar ambas as abordagens históricas. É necessário que se encontre um balanço. "Tanto as histórias sobre os poderosos quanto as vidas das mulheres e outras que são menos poderosas devem ser publicadas no currículo secundário de estudos sociais." (CROCCO, 1997, p. 34, tradução nossa) 

 

Existiram e existem várias maneiras de incorporar a história das mulheres nas escolas. No ensaio de Crocco, a autora escolheu a abordagem de Peggy Mclntosh para demonstrar isso que destaca as cinco fases da história das mulheres. As cinco fases não representam níveis e não estão organizadas de maneira hierárquica. As fases são:

 

  1. Uma história sem as mulheres, focada nos homens da elite ligados ao poder político e econômico.
  2. A mulher na história que traz algumas figuras femininas das elites que foram de alguma forma marcantes nesta história política e econômica ligada aos “grandes homens”. Histórias de rainhas fazem parte desta fase.
  3. Esta fase traz a mulher como um “problema” para a história, pois ela é a excluída e esta as margens da história oficial.
  4. As mulheres como história, que busca mostrar a contribuição das mulheres em geral para a sociedade e começa a salientar o fato de que a história das mulheres é importante para reconhecer a história da humanidade como um todo.
  5. Uma redefinição da história que inclua todos nós. Uma história que busca reconhecer a relevância de todos os indivíduos, incluindo aqueles, que como as mulheres, durante muito tempo foram invisíveis para a história.

 

As transformações trazidas por cada uma destas fases fazem com que, segundo a autora, haja uma mudança a respeito das perguntas que fazemos sobre as mulheres do passado. Ao invés de perguntar “O que as mulheres fizeram ou produziram de importante?”, agora nos perguntamos “Como as mulheres do passado viviam?” (CROCCO, 1997, p. 34).

 

Passar por essas mudanças não é algo necessário apenas no Brasil ou nos Estados Unidos. A ausência das mulheres nos conteúdos da disciplina de História é um problema que acontece em diversos lugares do mundo. E é de diversos lugares do mundo que surge o questionamento do porquê isso acontece.

 

Em uma pesquisa na Espanha, pediu-se para os alunos citarem o nome de três personagens que participaram da história do país. O número de personagens femininos citados nesta pesquisa foi muito menor do que o número de personagens masculinos. (PAGÉS; SANT, 2011, p. 130).

 

Não há uma única resposta, segundo Pagés e Sant, para explicar por que as mulheres são invisibilizadas na história. Os autores citam três fatores que podem contribuir para este fato. Primeiramente, na escola se prioriza a história política. As mulheres praticamente não aparecem como personagens nesta história. Elas estão muito mais relacionadas a história social e, quase sempre, de maneira anônima e as que aparecem são personificadas como princesas, bruxas ou feministas. (PAGÉS; SANT, 2011, p. 131).

 

Um ponto que deve ser sempre lembrado quando discutimos o que se ensina nas escolas é o papel do livro didático nas aulas, e como, o que, e de que forma algo aparece nos livros pode ser relevante para o entendimento do aluno do que é importante o suficiente para ser estudado na aulas de história. 

 

Além disso, segundo Pagés e Sant, "el libro de texto es, a nuestro pesar, el que determina la mayoría de selecciones de contenidos que se realizan en las aulas de Historia y Ciencias Sociales." (2011, p. 131). Isto é, muitas vezes o livro didático determina o que vai ou não ser ensinada em sala de aula. Então, usando os conteúdos de um livro didático como exemplo, os autores demonstram como estes levam em conta primeiramente a história política, depois a história econômica. Desta forma, os livros acabam priorizando muito mais os personagens masculinos do que os femininos já que são os homens que aparecem mais na história política e econômica de um país. Inclusive no que diz respeito as imagens dos livros pesquisados pelos autores, a maioria das pessoas retratadas são do sexo masculino.

 

“En los ocho temas mencionados dedicados a la historia política, hay 17 imágenes donde aparecen representadas personas. En 14 de ellas sólo hay hombres "aproximadamente el 82%); en dos de ellas hay hombres y mujeres "aprox. 12%"; y sólo en una de ellas aparece únicamente una mujer "aprox. 6%). Por lo que se refiere al texto escrito, se citam 36 hombres con nombre proprio - ya sea nombre o cargo - y solo 5 mujeres. En consecuencia, las mujeres representam aproximadamente el 12% de las personas citadas en el texto.” (PAGÉS, SANT, 2011, p. 132).

 

Quando se encontram personagens femininas, nos livros didáticos pesquisados pelos autores, geralmente elas são divididas em duas categorias, a das mulheres masculinizadas, que fazem a mesma coisa que os homens na história, e as mulheres vítimas, que são martirizadas, espiritualizadas, que sofreram com a crueldade dos homens. (PAGÉS, SAIT, 2011, p. 136). Já na história contemporânea, há uma nova forma de representação da mulher, a feminista.

 

Apresentadas estas questões, fica o questionamento: O que podemos fazer para que as mulheres se tornem visíveis na história e nas aulas de história nas escolas?

 

Pagés e Sant, assim como Crocco, mencionam que é necessário buscar um equilibro nos assuntos ensinados em sala de aula. Isto é, não devemos substituir a história dos homens pela história das mulheres:

 

“Las mujeres deben formar parte de los contenidos de Historia y de Ciencias Siciales. Es necesarui buscar un equilibrio entre hombres y mujeres ya que, si no es así, el agravio que representa para las mujeres no estudiar a otras mujeres puede ser utilizado para justificar una supuesta subordinación a los hombres." (PAGÉS, SANT, 2012, p. 139).

 

Na Catalunha, Espanha, os currículos de todas as etapas educativas frisam a necessidade de mostrar a importância do papel tanto de homens e mulheres para a história, buscando um equilíbrio para que ambos sejam contemplados nos conteúdos didáticos.

 

Outra questão é que incluir a história das mulheres em sala, além de tornar o ensino de história mais amplo e “completo” abre espaço dentro das escolas para que possamos questionar a desigualdade de gênero que existe em nossa sociedade. Pois se a escola reflete a nossa sociedade, o fato de as mulheres serem ignoradas na disciplina de história nos mostra como a sociedade trata as mulheres. 

 

Marolla e Pagés (2015), também mencionam a participação do professor na construção da visão que os alunos têm sobre os papeis de homens e mulheres. Os autores usam a teoria de representações sociais de Serge Moscovici e de Denise Jodelet para mostrar como é esta representação das mulheres para os professores de história chilenos. 

 

Os autores mencionam que "En diversas sociedades el sistema educativo está fuertemente contaminado de las formas particulares de la ideologiía dominante." (MAROLLA, PAGÉS, 2015, p. 225) Isto é, em uma sociedade patriarcal em que o discurso masculino é o dominante e a mulher é subjugada, veremos um reflexo desta realidade ao analisarmos o que se ensina e o que se aprende em sala de aula. O sexismo está enraizado em vários aspectos de nossa sociedade, e a escola não consegue escapar desta dominação. 

 

Considerações finais

 

A desigualdade entre os gêneros e suas consequências para a sociedade é um assunto muito importante para ser discutido em sala de aula. Questionar-se por que nas aulas de história falamos muito mais sobre feitos de homens do que de mulheres. Talvez essas sejam ações quem façam com que os alunos se questionem e reflitam sobre as desigualdades, injustiças e violências que persistem até os dias de hoje em nossa sociedade.

 

Fazer com que os alunos compreendam que na verdade não existem brincadeiras de meninas, cores para meninas, roupa de meninas, cabelo de meninas, trabalhos específicos para mulheres, uma forma correta para as mulheres se sentarem, violência que mulheres devem aguentar. E, que se de alguma forma alguém achar que isso existe, podemos e devemos questionar. E que, se essas representações sociais prejudicam alguém, podem e devem ser combatidas.

 

Referências biográficas

 

Alana Rasinski de Mello. Professora da Educação Básica, Mestre em Ensino de História pelo PROFHISTÓRIA-UEPG.

 

Dra. Angela Ribeiro Ferreira, professora adjunta do Departamento de História, da Universidade Estadual de Ponta Grossa - UEPG.



Referências

 

CROCCO, Margaret S. Making time for woman’s history... When you survey couse is already filled to overflowing. Social Education, janeiro, 1997.

 

FERREIRA, Angela R. Representações da história das mulheres no Brasil: em livros didáticos de história. (Dissertação mestrado) Ponta Grossa, PPGE-UEPG, 2006.

 

HAHNER, June E. Escolas mistas, escolas normais: a coeducação e a feminização do magistério no século XIX. Estudos Feministas, v. 19, n. 2, Florianópolis, maio/agosto 2011.

 

MAROLLA, Jesús. PAGÉS, Joan. Ralatos y memorias in el Cono Sur. Clío & Asociados. 2015.

 

MELLO, Alana R. de. "Que sabe dos homens e das mulheres”: o Ensino de História a partir da representação de gênero na Coluna do Jornal O Tibagi (1948-1950)”. (Dissertação de Mestrado) Ponta Grossa, PROFHISTÓRIA-UEPG, 2020.

 

MIGUEL, L. F. Da “doutrinação marxista” à "ideologia de gênero" - Escola Sem Partido e as leis da mordaça no parlamento brasileiro. Revista Direito e Práxis, vol. 7, núm. 15, 2016, p. 590-621

 

PAGÉS Joan; SANT, Edda. ¿Por qué las mujeres son invisibles em la enseñaza de la historia? Revista Historia y memoria, n. 3, 2011.

 

PAGÉS, Joan; SANT, Edda. Las mujeres em la enseñaza de historia: ¿hasta cuándo serán invisibles? Cad. Pesq. Cdhis, Uberlândia, v.25, n.1, janeiro/junho 2012.

 

SCOTT, Joan W. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação e Realidade, Porto Alegre, v. 16, n. 2, p. 5-22, jul./dez. 1995.

 

SILVA, Cristiani B. RIBEIRO, Paula Regina C. Dossiê gênero e sexualidade no espaço escolar. Estudos Feministas, v. 19, n. 2, Florianópolis, maio/agosto, 2011.


35 comentários:

  1. Olá, bom dia.
    Primeiramente, parabéns pelo trabalho.
    Qual a melhor possibilidade para levar o debate sobre a história das mulheres, que são abordados nas universidades, para as aulas do ensino básico de História?
    Rita de Cássia Rodrigues

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    1. Boa tarde Rita!

      Acho que existem diversas formas de fazer isso. Usando o próprios conteúdos dos livros didáticos, tentando mostrar que apesar de muitas vezes não citadas, as mulheres estavam presentes em vários momentos históricos mencionados durantes as aulas. Claro que nessa situação os professores precisam pesquisar essa informação antes da aula para passar para os alunos. Na minha experiência em sala de aula, minhas alunas me perguntam muito isso "ok professora, mas o que as mulheres estavam fazendo nesse momento?". Uma outra sugestão, que eu trabalhei durante minha pesquisa de mestrado, é utilizar fontes históricas que falem sobre as mulheres, diferentes daquelas fontes mais tradicionais como os documentos produzidos pelo Estado. Na minha pesquisa eu usei uma coluna de um jornal que fala sobre as mulheres para que possamos discutir em sala qual era o papel da mulher na sociedade, ou o que se esperava que fosse o papel da mulher em sociedade. Aí a partir dessa fonte podemos gerar um debate bem interessante.

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  2. Qual seria a ação dos professores de história, de forma mais descontraída pincipalmente no ensino fundamental, para trabalhar o tema proposto em sala de aula? Que seria mostrar a desigualdade de gênero e a diminuição do poder feminino, mostrando o quão prejudicial é para o nosso crescimento em sociedade.

    Ester Sampaio da Silva

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    1. Oi Ester!

      Eu como professora do Ensino Fundamental Anos Finais penso muito sobre essa questão. Como trazer um assunto tão delicado de uma forma adequada para os alunos mais novinhos.
      Na minha pesquisa de mestrado eu utilizei uma coluna de jornal da década de 1940 que fala sobre comportamento feminino e masculino. A ideia era levar essas fontes para sala de aula para despertar uma reflexão e debates entre os alunos.
      Essa coluna que eu utilizei que se chama "Que sabe dos homens e das mulheres", tinha a intensão de ser algo leve e "engraçadinho". Porém, é possível perceber como se reforçava na época algumas ideias que tentavam diminuir a participação feminina no mercado de trabalho e na política, por exemplo.
      Então, partindo de um material que antigamente poderia ser utilizado como uma forma de entretenimento podemos gerar um debate bem produtivo entre os alunos.

      Alana Rasinski de Mello

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  3. Boa tarde!

    Muito importante a temática. Para além de conduzir os alunos a pensarem sobre comportamentos que as meninas/mulheres devem seguir, uma atividade sobre profissões seria bacana para encorajá-los a pensar sobre a aptidão das mulheres para o trabalho, uma vez que, se construíram diversas teorias no campo da política e da medicina sobre a incapacidade das mulheres para o trabalho. Vocês acham que isso seria possível? Quais referências poderiam ser usadas para esse trabalho?

    Gessica de Brito Bueno

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    1. Oi Géssica seria possível sim discutir a naturalização da divisão do trabalho, a não aptidão das mulheres para determinados trabalhos. Como você citou, é possível fazer esse debate a partir de teses médicas, textos de médicos publicados em jornais e revistas, enfim, tem várias possibilidades de fonte. A Alana discute em uma parte do texto sobre o tema trabalho (estará disponível em breve para consulta no repositório da biblioteca da UEPG). Sobre as teses médicas você pode dar uma olhada nos trabalhos orientados pela Profa Georgiane Vázques que tem explorado essas fontes médicas em várias perspectivas, recentemente participei da banca da Fernanda Loch que discute maternidade a partir de teses médicas e, um dos aspectos discutidos, é o papel da mulher no cuidado das crianças, considerado o papel/função da mulher e que justifica a proibição/interdição do trabalho profissional fora do ambiente doméstico. A dissertação da Fernanda está disponível em: https://tede2.uepg.br/jspui/handle/prefix/3355

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  4. Muito bom a temática de vocês. A sociedade ainda nutre valores paternalistas e a figura da mulher é vista como submissa ao lar e aos afazeres domésticos. Mesmo com a participação da mulher em vários espaços como autora independente de sua própria história ela ainda é atrelada àquela imagem. Nos livros didáticos de história vemos uma grande invisibilidade das mulheres. E isso é mais forte quando se trata de mulheres negras que, na maioria das vezes, aparecem apenas no contexto da escravidão a serviço da casa-grande e serviços domésticos da mulher branca. O que vocês pensam sobre essa invisibilidade da mulher negra nos livros didáticos?

    Marta Lima Alves

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    1. Olá Marta, você tem razão em relação aos livros didáticos e sobre a invisibilidade das mulheres, mais ainda das mulheres negras. O que temos que fazer é romper com isso nas nossas práticas de sala de aula, levar essa temática para o debate. Tem sido produzido muito material sobre a história das mulheres, especialmente das mulheres negras nos últimos anos, além de terem ganhado visibilidade algumas autoras negras (como Djamila Ribeiro, Lélia Gonzalez, Sueli Carneiro, Angela Davis, entre outras). Na sala de aula é preciso levar a história dessas mulheres que compõem a nossa história, dar nome a elas. Uma orientada minha do mestrado, Elaine Lopes, está produzindo a dissertação sobre biografia de mulheres negras da história do Brasil, ela selecionou vários nomes de mulheres negras, em diferentes esferas (abolicionistas, escritoras, políticas, etc) e está produzindo pequenas biografias contextualizadas e elaborando um material didático na dissertação para desenvolvimento/uso na sala de aula, até o final do ano estará disponível. Você já reparou que na história contada nos materiais didáticos tem o nome de muitos homens e pouco se fala das mulheres nominalmente, sempre são as mulheres (genericamente), trabalhar com biografias d mulheres negras é uma forma de dar visibilidade e nomear as mulheres que trabalharam, lutaram, viveram. Por exemplo, vai trabalhar o tema da escravidão, pode inserir a história de uma ou mais mulheres que foram resistência, que participaram de movimentos abolicionistas. Enfim, tem muitas possibilidades.

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  5. Olá, parabéns pelo trabalho, muito pertinente a discussão e abordagem. Me fez refleti, enquanto futura professora de História, como fazer essas abordagens tão significativas para na própria sala de aula, ao discutir sobre o papel e a figura da mulher na sociedade ao longo do processo histórico, e o seu trabalho trás luz a essas questões, sobretudo, a relação com a desigualdade de gênero. Mais uma vez, parabéns.
    Ass: Veronica Lima de Amorim Matos

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    1. Oi Veronica!

      Quando somos professoras ou futuras professoras essa se torna uma preocupação constante né? Como levar discussões que temos na Universidade para a sala de aula?
      Eu penso que existem muitas possibilidades como já respondi em alguns comentários anteriores. Sobre como abordar a história das mulheres em salada de aula, podemos utilizar fontes históricas diferentes das que são mencionadas nos materiais didáticos que, muitas vezes, focam apenas em documentos produzidos pelo Estado. Jornais, diários, revistas, tem muitas opções de materiais que podemos levar para a sala de aula para que o aluno possa perceber a participação das mulheres em muitos eventos históricos estudados.
      Eu acredito que podemos inserir nos próprios conteúdos tradicionais trabalhados durante as aula. Mostrar que apesar de muitas vezes não serem citadas, as mulheres estavam presente em revoluções, elas não sumiram durante períodos de guerra.
      Essas são apenas algumas ideias de como mostrar para nossos alunos que as mulheres sempre estiveram presentes na história.

      Alana Rasinski de Mello

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  6. Excelente texto!!! Minha questão é: quais fontes históricas podem ser usadas para tratar dessa temática, a história das mulheres e os debates de gênero?
    EDUARDO DOS SANTOS CHAVES

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    1. Várias fontes: jornais, publicidade, fotografia, processos-crime, literatura. Enfim, qualquer tipo de fonte que puder ser utilizada para fazer pesquisas sobre história das mulheres e relações de gênero, também podem ser utilizadas na sala de aula para ensinar história na perspectiva de gênero.

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  7. Olá cara autores! Excelente texto de comunicação. A minha pergunta é: Quais indicações paradidáticas podem ser utilizadas em sala de aulas pelos professores e professoras para trabalhar o tema relações de gêneros?
    Bruno Miguel dos Santos

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    1. Olá Bruno Miguel. Tem uma série de possibilidades didáticas para o trabalho com gênero e ensino de história trabalhado pela Alana na dissertação, onde ela fez uma proposta de material didático com as colunas do Jornal O Tibagi. A dissertação estará disponível dentro de alguns dias no repositório de teses e dissertações da UEPG. Na proposta de material a Alana discute algumas temáticas como maternidade, trabalho, beleza, etc, e como esses papeis sociais foram construídos historicamente. Além da proposta desenvolvida pela Alana, tenho orientado várias dissertações no Mestrado Profissional que tem essa temática, alguns já estão disponíveis, como o trabalho da Janaina Jaskiu sobre o debate de gênero no ensino de História a partir da publicidade da Revista O Cruzeiro (disponível em: https://tede2.uepg.br/jspui/handle/prefix/2682). O trabalho da Solange Silva que propõe o uso de processos-crime como fonte para o debate de gênero no ensino de história (disponível em: https://tede2.uepg.br/jspui/handle/prefix/2663). O trabalho da Juliana Kapp que discute papeis sociais e ensino de história a partir de uma coluna de jornal em Palmeira (disponível em: https://tede2.uepg.br/jspui/handle/prefix/2705). Em breve mais 3 trabalhos estarão disponíveis e todos tem propostas didáticas para o tema de gênero e ensino de História. Estão convidados a conhecer.
      Angela Ribeiro Ferreira

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  8. Parabéns Alana e Angela que texto importante, principalmente para nós professoras de história. Eu como professora mulher me sinto no papel de mostrar para minhas alunas essas desigualdades de gênero, inclusive que afetam nós professoras no dia a dia e que afetam as mães, avós e as mulheres das famílias deles. É um debate muito importante, no entanto, com mostrado por vocês temos enfrentado os conservadorismos, moralismos e negacionismos na sociedade brasileira e que buscam reforçar o papel de submissão da mulher? Como vocês veem essa guinada conservadora e como isso se reflete no ensino de história das mulheres? Quais as saídas possíveis para nós professoras de história trabalhar a história das mulheres e a questão de gênero na sala de aula?

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    1. Olá Bruna!

      Acho que essa é uma questão que todas nós temos feito ultimamente.
      Eu, como professora de história do Ensino Fundamental Anos Finais, sinto que quando vou abordar alguns assuntos em sala de aula estou pisando em ovos. Assuntos que deveriam ser constantemente debatidos acabam se tornando um tabu o nosso dia a dia e parece que a solução mais simples para isso é simplesmente "deixar pra lá". Mas não foi para "deixar para lá" que nos tornamos professoras não é mesmo?
      Eu acredito que uma forma de abordar essas questões é levando fontes históricas que mostrem como as mulheres sofreram várias formas de violência durante a história. Dessa forma fica muito claro que a professora não está inventando nada, as fontes estão ali.
      Quando os alunos tem contato com esse tipo de material, eles mesmos são capazes de perceber a raiz de várias injustiças e preconceitos de nossa sociedade, debatê-las e, se tudo correr bem, questioná-las.

      Alana Rasinski de Mello

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  9. Primeiro, meus parabéns pelo texto, ficou um trabalho excelente e sobre um tema importantíssimo. Gostei muito de terem trazido a mulher em todos os espaços da escola, seja como alunos, professoras e como tema estudado.
    Ao falarem em livros didáticos vocês colocaram a questão de normalmente eles tratarem da história política e, por vezes, a história econômica e por isso, a mulher não aparece já que a ela, por muito tempo, não foi permitido agir abertamente na política e na economia. Mas de uns anos pra cá, os livros didáticos eles tem se tornado cada vez mais diversificado e tentando sempre estar aberto para novas propostas, porém, não se pode negar que o papel da mulher muitas vezes aparece como sendo resumido a um box e não fazendo parte do texto principal de modo que é que colocado como não sendo importante para o estudo. E essa mulher, como colocado no trabalho de vocês, tende a se resumir a mulher que "fazem a mesma coisa que os homens na história", então, minha pergunta é a seguinte: como podemos, em sala, mostrar a mulher na história de modo a mostra toda a importância do papel delas e assim poder fazer uma relação com as mulheres comuns que não ocupam trabalhos ditos "masculinos" para os alunos, sem que isso pareça ser um mero box de curiosidades?

    Maria Beatriz Guedes da Silva

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  10. Boa noite, primeiramente parabéns pelo ótimo trabalho, gostaria de saber a opinião de vocês a cerca de como lidar com os pais conservadores de alunos? Como podemos apresentar essas discussões para uma maior idade que muitas vezes vê a mulher como inferior, trabalhando essa didática em sala, mas também em exposições de trabalhos para os pais talvez?

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  11. Parabéns as autoras pelo excelente texto, e por abordar uma temática tão necessária e relevante. Gostaria de saber, como enxergam a possibilidade de trabalhar leituras de mulheres na educação básica? Como inserir esse debate, sobretudo no ensino fundamental, de forma a mostrar a tamanha importância e relevância de tal temática diante de uma sociedade que se mostra ainda tão conservadora?

    Gerlane do Nascimento Mendes

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  12. Primeiro, quero parabenizar pelo belíssimo trabalho. Minha pergunta é sobre de que formar podemos apaziguar esse mal olhar que se debruçou sobre o termo "gênero", sobretudo no ensino médio, onde percebe-se uma maior difusão dessa distorção de conceito.

    EDUARDA OLIVEIRA SILVA

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  13. Olá, Tudo bem? O debate de gênero nas escolas é uma necessidade. Somos um país extremamente violento, machista e misógino. Em seu trabalho você citou o combate a “ideologia de gênero”. Defendi recentemente minha dissertação no âmbito do PPGH-UFCG e na minha pesquisa problematizei leis que proíbem as discussões referentes ao que chamam de “ideologia de gênero” em três municípios paraibanos. Meu texto é intitulado: “CAÇA ÀS BRUXAS” NA EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNEA: A LEI DA “IDEOLOGIA DE GÊNERO” E AS AMEAÇAS À AUTONOMIA DOCENTE NA PARAÍBA (2017-2018). Nele, além de problematizar as leis, foi possível ouvir dos proponentes destas o que eles entendem por “ideologia de gênero” e os motivos que lhes provocam a necessidade de proibição. Nesse momento eu trago o questionamento que você abre seu texto: “Mas de fato as pessoas entendem o que é o conceito de gênero e como este tema poderia ser tratado nas escolas?” Pude perceber na minha pesquisa que, especialmente, esses que buscam proibir não conhecem aquilo que tanto criticam.
    Com todos esses ataques aos docentes e a educação. Precisamos resistir e lutar. Os professores entrevistados em minha pesquisa conhecem os estudos de gênero, defendem e trabalham com a referida temática. Infelizmente temos vivenciado nas últimas décadas em vários países, dentre os quais o Brasil, o aparecimento de um conservadorismo moral que apresenta-se como o “novo”, a “mudança” e têm se alastrado na agenda política de nosso país com narrativas de apelo à nação e recorrendo a temas como a preservação de uma suposta família tradicional, promovendo ataques à pautas progressistas. Que possamos seguir resistindo e ampliando esse debate. Parabéns pelo texto.

    GUILHERME LIMA DE ARRUDA

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    1. Obrigada pela leitura Guilherme e parabéns pela temática da sua dissertação. Eu defendo que a única forma de mudar isso é através da educação. As pessoas não conhecem o que defendem (ideologia de gênero) então precisam aprender sobre isso e a escola (embora não seja o único espaço) é um dos principais espaços de formação. Digo que a escola não é o único, porque quem já saiu da escola também precisa aprender sobre isso, aí entra o papel da sociedade e do estado em fazer campanhas de esclarecimento, especialmente dos temas que envolvem a violência de gênero. A sua dissertação já está disponível para consulta? Compartilhe o link conosco.

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  14. Olá,quero parabenizar as autoras por esse tabalho cada vez mais pertinente no nosso contexto. Pois, no caso de nós mulheres, vivemos uma luta incessante contra as desigualdades sociais, injustiças e machismos no nosso dia a dia. Injustiças e machismos que ainda ocorrem em pleno século XXI, como por exemplo, as mulheres ainda ganharem, em termos de salários, menos do que os homens, dentre outras questões que nos mostram o quanto temos todos e todas, que lutar contra tudo isso. Sendo assim, tratando da pesquisa de vocês, uma outra forma de verificarmos historicamente a manutenção dessas desigualdades é com relação à ausência de imagens e textos que nos livros didáticos raramente encontramos acerca da história das mulheres, das nossas lutas, ao longo da história. Isso só demonstra o quanto ainda temos que lutar e nós professores colocarmos essas questões em sala de aula, lutando contra o conservadorismo do grupo que criou o documento sobre "Escola sem partido" e outros documentos que tem tentado nos tirar a liberdade nas nossas aulas de história. Considerando tudo isso, gostaria de saber com vocês sobre as novas gerações de livros didáticos que o MEC tem oferecido às escolas públicas. Esses novos didáticos, tem sofrido mudanças, no sentido de trabalhar mais com relação à participação das mulheres, historicamente falando? Grata pelo texto tão interessante trabalhado aqui por vocês.

    Andrea Cristina Marques.

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    1. Olá Andréa, obrigada pela leitura. Eu fiz essa análise da história das mulheres nos livros didáticos nos primeiros PNLD e desde então não percebemos uma mudança significativa. O que temos é a inserção pontual, de algumas personagens, ou de movimentos com participação das mulheres, mas a narrativa dos livros continua sendo aquela canônica, ou seja, uma história de homens, brancos, cristãos, heterosexuais. Ainda não conseguimos romper com essa narrativa e promover uma narrativa na perspectiva de gênero, que inclua as mulheres, a população negra, etc. Estou orientando uma dissertação que está investigando justamente se é possível identificar mudanças significativas nos livros, em breve poderemos dizer mais sobre o tema.

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  15. Olá! No ensino da história nota-se a importância que as mulheres exerceram ao longo dos anos em diferentes momentos da história. Seja Joana D'Arc, As Bruxas da Noite, Amelia Earhart e etc. Entretanto, tal como disse George Orwell: " a história é escrita pelos vencedores". E, neste caso, até os vencedores têm as próprias narrativas para escolhas de heróis, vilões e anulando tudo aquilo que se tem como "indesejado". Neste quesito, muitas histórias contadas, foram apagadas as influências femininas. Sendo necessário uma busca mais profunda para investigar essas atuações.
    Com isto em mente, como tornar atrativo para os alunos esta prática de investigação sobre um assunto que geralmente não são abordados pelos livros didáticos?

    Igor Gomes da Silva

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    1. Olá Igor, talvez o atrativo está justamente em problematizar a ausência das mulheres na narrativa histórica escolar. Perguntar se o que pensam sobre o fato da história escrita nos livros didáticos só contarem a história de homens, como se as mulheres nada tivessem realizado ao longo do tempo.

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  16. Olá Alana e Angela, amei o texto.

    Nos meus estudos sobre a presença e a representação das mulheres nos livros didáticos de história dos anos iniciais do ensino fundamental, identifiquei que as mulheres são usualmente representadas para as crianças como enfermeiras, mães e professoras, sempre no papel de cuidadoras. Têm alguma sugestão de temáticas relacionadas a questão do gênero que podemos abordar com esse público no cenário escolar?

    Andréa Giordanna Araujo da Silva

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  17. Pensar a questão do gênero na sala de aula é refletir sobre diferentes identidades que configuram o espaço escolar. Como falar sobre relação de gênero em sala de aula?

    Eleilda da Silva Santos

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  18. Boa noite!
    Realmente a discussão que você trouxe no texto é extremamente pertinente quando falamos na educação, principalmente pelos discursos deturbados que vemos sendo reproduzidos na mídia com uma frequência assustadora!
    Gostaria de saber se vocês tem algum material pronto para serem levados a comunidade escola? Algum projeto que esclareça os alunos acerca dessa temática, e que atinja em especial o ensino fundamental inicial?

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  19. Boa Noite, principalmente parabéns pelo trabalho, essa temática me interessa bastante.
    Muitas mulheres foram muito importantes para nosso país, mas infelizmente silenciaram a voz e a participação dessas mulheres ao longo de nossa história. Como futuro professora, gostaria de saber como abordar essa temática de forma mais natural para os meus futuros alunos? Visto que pouco se fala dessas mulheres no âmbito escolar.

    Vanessa dos Santos Neves.

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  20. Dayane Bernal Aniceto27 de maio de 2021 às 23:55

    Diante do exposto, percebemos que é fundamental falarmos de gênero nas escolas. No entanto, esse debate ainda acontece de maneira individualizada, por parte de cada professor ou professora. Não é uma regra ou política da escola. Vemos que as famílias que não possuem o entendimento do que é gênero e caem na desinformação, muitos tornam-se preconceituosos e dificultam que tais debates ocorram no âmbito escolar. Dessa maneira, como o professor, ou a escola pode trabalhar gênero na sala de aula, de maneira a abrir os horizontes de alunos e alunas para uma vida de igualdade entre mulheres e homens.

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  21. Gostaria inicialmente de parabenizar pelo texto!
    Enquanto realizava a leitura, refleti sobre o impacto que a inserção de mulheres no ensino de História (dentre outras disciplinas) poderia causar na formação social das crianças. Com isso, a minha pergunta é de qual maneira os professores poderiam desenvolver e fomentar nos alunos a quebra dos paradigmas sexistas, que permitem, por exemplo, a violência dentro da casa de muitos alunos. De que forma sensível e efetiva conseguiriamos plantar uma sementinha de um mundo menos violento e invisível para as mulheres?

    Obrigada pelo texto!
    NAYARA BRITO PEREIRA

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  22. Primeiramente parabéns pelo texto e de acordo com o texto nós historiadores sabemos o quão é difícil vermos a discussão sobre o estudo de gênero nas salas de aula, um assunto tão simples e ao mesmo tempo complexo é tratado como tabu pelo Brasil. Como seria a metodologia desse estudo nas salas de aula básica, tendo em vista que muitos professores também são leigos ao gênero e tudo que o englobam ?

    Ass: REBECCA KAUANNE MOURÃO MENDES

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